Empresa “made in Brazil” usa insumos em geral descartados por outros setores, como polpa do café e caju
Foi comum investimento de R$ 1 milhão, oriundo de patrocínio familiar, que o mineiro Rodrigo Veloso conseguiu tirar do papel um projeto desenvolvido como trabalho acadêmico para um MBAda Fundação GetulioVargas. Há cinco anos montou nos Estados Unidos a One Natural Experience (O.N.E.). O foco na venda de água de coco, uma bebida considerada exótica, mas com propriedades hidratantes, e o apelo natural chamaram a atenção do consumidor americano e dos investidores, o que resultou na compra de uma participação minoritária pela fabricante americana de bebidas Pepsico.
Agora, a empresa negocia levar os produtos para a Europa e o Japão. Também quer conquistar os brasileiros, eneste casonãoserá só com a água de coco tradicional e sim como suco de café. Para tanto, avalia a aceitação do mercado e estratégias de comercialização. A distribuição no país contará coma infraestruturadaPepsiCo.
Sociedade de peso
Desde a rodada familiar para a primeira captação de recursos, o negócio atraiu investidores anjos, empresas de venture capital e fundos de private equity. No fim do ano passado conquistou o primeiro sócio de peso, a Pepsi Bottling Group (PBG), divisão da PepsiCo responsável pela distribuição nos Estados Unidos. A PBG, juntamente com a Catterton Partners, um dos maiores fundos de participação no setor de consumo dos EUA, fez um aporte de capital e ficou com participação minoritária no negócio, não informada.
O crescimento da empresa está concentrado não só na concorrência com as bebidas isotônicas, como Gatorade, mas no desenvolvimento de produtos feitos a partir de matériasprimas consideradas resíduos por outros setores, criando bebidas funcionais, segundo Veloso. Daí nasceram outras bebidas tropicais. O suco de açaí, por exemplo, é comercializado com apelo de suas propriedades antioxidantes. O de caju destaca o fato de ter cinco vezesmais vitamina C do que a laranja, além de ser menos ácido. Estes sucos não são novidade no Brasil. Mas a O.N.E. promete surpreender também o consumidor brasileiro, com um produto bastante exótico para o paladar nacional: o suco de café.
“O Brasil só dá valor à semente do café, o restante é jogado fora”, afirma Veloso. O mesmo acontece com o caju, cujo foco da produção é a extração da castanha. Ou comcoco na Indonésia, que tem a maior produção da fruta do mundo, diz. “O suco de café temalta concentração de
antioxidantes e vitamina C”, afirma o executivo. “Alémde ser muito saboroso, azedinho.”
Se o brasileiro vai gostar? Veloso aposta que sim. A incursão pelo país, no entanto, ainda pode levar um tempo. A O.N.E. está em negociações avançadas para posicionar seus produtos em mercados da Europa e Japão neste ano.
A água de coco, carro-chefe da O.N.E., é produzida pela brasileira Amacoco (marcas Kero Coco e Trop Coco), que tem uma plantação de 800 mil hectares no Pará, e foi adquirida pela PepsiCo no fim de 2009. Com o aumento da demanda, só a produção no país não era suficiente para atender a empresa, que passou a importar água de coco da Indonésia.
A expectativa é o faturamento de US$ 20 milhões em 2009 dobrar este ano, coma expansão nos Estados Unidos. Atualmente, os produtos são encontrados em 40 mil supermercados do país.
Veículo: Brasil Econômico