Em 1996, em pleno processo de abertura da economia brasileira, pouca gente se atreveria a apostar um real furado no futuro da Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. A combinação da concorrência dos vinhos importados, gestão incompetente e investimentos mal dimensionados, como um vinhoduto de 4,5 quilômetros unindo suas duas unidades operacionais, construído a um custo de R$ 30 milhões (seis vezes o previsto), colocaram a Aurora à beira da insolvência. Com 1,1 mil associados à época, a cooperativa, vergada por um passivo de R$ 127 milhões com fornecedores, cooperados e setor financeiro, teve de apertar os cintos para continuar existindo. Mais do que isso: para voltar a crescer, teve de reinventar-se.
Uma década e meia depois, às vésperas de completar 80 anos de existência, a Aurora exibe vitalidade, confirmando a volta ao crescimento, iniciada em 2006. Saldou suas dívidas, investiu na qualidade da produção e em novos equipamentos para fazer frente aos importados, aumentou as verbas para comunicação e marketing. Ao mesmo tempo, a empresa consolidou sua liderança em alguns segmentos tradicionais, como é o caso dos vinhos tintos finos, que representam 37% de suas receitas, desenvolveu outros, a exemplo dos sucos de uva. Dona de uma participação de 30% do mercado nacional de sucos de uva naturais, estimado em 30 milhões de litros por ano, a Aurora arrecada 25% de tudo o que fatura com a venda desse produto ( em 2005, a participação mal chegava a 5%). " O suco já supera o vinho de mesa, que era o segundo item de nosso portfólio ", afirma Alem Guerra, diretor-geral da Aurora. "Para promovê-lo, exploramos o apelo à vida saudável, o retardamento do envelhecimento."
Resultado: com o mesmo contingente de cooperados existente antes da crise, a Aurora multiplicou por cinco suas receitas, que passaram de R$ 43 milhões, em 1996, para R$ 200 milhões no ano passado, o que representa um crescimento de 30% sobre 2008. Ao mesmo tempo, graças à modernização dos equipamentos, o quadro de pessoal foi reduzido à metade, para os atuais 300, acelerando a produtividade. "A crise quase nos quebrou", diz Guerra, há 37 anos na Aurora. "Hoje, navegamos em céu de brigadeiro."
PAPEL
Terremoto no Chile encarece celulose e chega ao varejo
O terremoto no Chile, país que responde por cerca de 10% da produção mundial de celulose, aliado à retomada de projetos do setor interrompidos por causa da crise, provocou um reajuste na tabela de preços da matéria-prima do papel. Ontem, a Suzano anunciou aumento de US$ 50 por tonelada de celulose para os mercados norte-americano, europeu e asiático. A empresa está alinhada com o movimento de outros fabricantes, como a Fibria, resultado da união da Aracruz e da Votorantim Celulose e Papel(VCP)). Estima-se que os preços de livros, cadernos e materiais de escritório vão ficar 7% mais caros.
INOVAÇÃO
A Suécia planeja fortalecer negócios com o Brasil
A família real sueca desembarca no Brasil no dia 22 trazendo a tiracolo uma comitiva da Vinnova, agência de inovação tecnológica da Suécia, que vai fazer um trabalho em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Estão previstas duas ações iniciais: um mapeamento de oportunidades de negócios bilaterais, com ênfase em projetos de inovação tecnológica, e o agendamento de um encontro, em maio, com lideranças políticas, empresariais e acadêmicas.
RECRUTAMENTO
O Brasil atrai interesse de executivos estrangeiros
Citar o Brasil como um potencial destino a um executivo a ser contratado aumenta o interesse do candidato. Segundo Normand Lebeau, vice-presidente da consultoria de recursos humanos canadense Mandrake, o País é hoje notoriamente uma opção de trabalho para o profissional estrangeiro. Lebeau é um dos executivos de firmas de headhunting que participam do 10º Encontro das Américas da International Executive Search Federation (IESF), previsto para o dia 25 de março, no hotel Renaissance, em São Paulo. Um dos temas centrais do evento é a carência de profissionais capacitados em setores como mineração e extração de petróleo.
EMERGENTES
Doutor Sócrates pontifica em evento do HSBC
O ex-jogador de futebol Sócrates será uma das estrelas do Festival Brazil, evento de arte e cultura brasileira que o banco HSBC promove em Londres, a partir de junho. Comentarista de televisão, o doutor fará uma palestra sobre futebol e a realidade político-social do Brasil, no London Festival Literatura, que integra o Festival Brasil. A programação cultural faz parte da estratégia do banco de ampliar de 45% para 60% suas receitas financeiras nos mercados emergentes.
Conta salgada
US$ 2,4 bi é o déficit na balança comercial brasileira de produtos químicos registrado no primeiro bimestre de 2010, segundo a Abiquim. No período, as importações somaram US$ 4,3 bilhões, contra US$ 1,9 bilhão das exportações.
Veículo: O Estado de São Paulo