Aumento da renda está ampliando a penetração de bebidas como cerveja e refrigerantes entre as classes C e D, explica presidente da Abras.
As bebidas alcoólicas e não alcoólicas puxaram o crescimento do volume das vendas nos supermercados nos dois primeiros meses do ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, o aumento da renda está ampliando a penetração de bebidas como cerveja e refrigerantes entre as classes C e D. "O acirramento da concorrência, que vem segurando os preços das bebidas no varejo, e a inserção de novos consumidores devem manter este mercado bem aquecido", disse Honda.
Levantamento da Nielsen, feito a pedido da Abras, aponta que o volume das vendas nos supermercados de todas as categorias de produtos cresceu 7,7% entre janeiro e fevereiro sobre o mesmo período do ano passado, quando houve queda de 0,4% sobre igual período de 2008. Já as vendas de bebidas alcoólicas no período cresceram 16,1%, enquanto que as não alcoólicas avançaram 12,7%. A participação das duas categorias de bebidas sobre o volume geral vendido nos supermercados foi de 26,3% nos dois primeiros meses do ano.
Influenciada pelo verão, as vendas em unidades de cervejas no País cresceram 20,4% nos dois primeiros meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Entre as bebidas não alcoólicas, o volume das vendas no bimestre de refrigerantes aumentou 14,6%, sendo que outros líquidos também tiveram boa performance, como chá líquido (27,9%), bebidas à base de soja (17,9%) e produtos isotônicos (15,1%). "A demanda por bebidas está muito forte, inclusive com recordes de crescimento no volume de venda", disse Honda.
Um fator que explica o avanço da categoria nas vendas nos supermercados são os preços. Conforme o levantamento da Nielsen, os preços das cervejas subiram 0,4% no varejo nos dois primeiros meses do ano sobre igual período do ano passado, ao passo que dos refrigerantes aumentaram 2,7%. Além das bebidas, a Abras destaca o crescimento do volume das vendas de produtos perecíveis, que avançaram 9,3% nos dois primeiros meses do ano. Esse crescimento foi puxado pelas categorias de leite fermentado (22,9%), pizza refrigerada (17,9%) e queijo (16,7%).
As vendas de carnes, que apresentaram uma queda de 5% entre janeiro e fevereiro de 2009, reverteram o desempenho no primeiro bimestre deste ano e passaram a crescer 6,7%. Segundo Honda, o desempenho das vendas nos supermercados no primeiro bimestre é reflexo do crescimento da massa de rendimentos, puxado pelo aumento do emprego com carteira assinada, sobretudo de regiões com forte dependência da produção industrial e da exportação de commodities. "O interior de São Paulo e os Estados do Sul e do Centro-Oeste, que foram muito afetadas pela crise, estão apresentando um forte crescimento das vendas este ano", disse.
No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o faturamento real, descontada a inflação medida pelo IPCA, dos supermercados subiu 7,67% sobre igual período de 2009. Honda prevê que o setor possa crescer entre 8% e 9% este ano, o que proporcionaria aos supermercados recuperar os patamares de crescimento anteriores à crise financeira internacional.
O executivo pondera que a forte demanda por produtos nos supermercados, que está elevando o volume das vendas, vem gerando algumas pressões pontuais de alta nos preços. O valor da cesta de produtos considerados de largo consumo nos supermercados, medido pela Abras e GfK, como alimentos, limpeza e beleza, subiu 1,67% em fevereiro em relação a janeiro, atingindo R$ 268,25. Já o IPCA alimentos avançou 0,96% em fevereiro ante janeiro.
O maior crescimento nos preços em fevereiro ante janeiro aconteceu na região Norte, com alta de 4,57%, seguido pelo Sul, que subiu 1,79%. O Norte concentra também o maior valor na cesta de produtos de largo consumo, ao custo de R$ 318,03. Na sequencia estão o Sul (R$ 295,56), o Sudeste (R$ 251,54), o Centro-Oeste (R$ 244,51) e o Nordeste (R$ 220,75).
Veículo: Diário do Comércio - SP