Setor de bebidas propõe investir mais se governo congelar carga de tributos

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Representantes da Ambev, maior fabricante de cervejas e refrigerantes das Américas, se reúnem amanhã com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília, para negociar o congelamento dos valores sobre os quais é calculada a cobrança de tributos federais (PIS/Cofins e IPI).

 

Para evitar o aumento da carga tributária e o repasse dos custos ao consumidor, os fabricantes de bebida vão assegurar ao Ministério da Fazenda que os tributos arrecadados neste ano serão 10% superiores aos pagos em 2009. Também sinalizarão que os planos de investimento de R$ 4 bilhões serão integralmente cumpridos. No ano passado, somente a Ambev recolheu R$ 11,5 bilhões, entre impostos federais e estaduais.

 

O vice-presidente de relações corporativas da Ambev, Milton Seligman, indicou que a capacidade de ampliação da arrecadação pode ser comprovada a partir dos resultados do primeiro trimestre, quando o pagamento de impostos federais por parte da companhia foi 35% superior ao verificado em igual período de 2009. Esse desempenho resultou da elevação de 9% nas vendas nos três primeiros meses do ano. "Nossa proposta é: o governo não aumenta a cobrança de impostos e nós ampliamos os investimentos", afirmou.

 

Seligman argumentou que o setor de bebidas enfrentou a crise econômica mundial sem que o governo brasileiro o favorecesse com medidas de estímulo. A indústria automotiva e os fabricantes de eletrodomésticos, por outro lado, foram beneficiados com a redução do IPI na venda de veículos e linha branca.

 

Ele também destacou que, caso o Ministério da Fazenda opte por reajustar os valores, os custos serão transferidos aos preços e os investimentos não serão realizados em decorrência de uma eventual retração nas vendas. "Como o contexto é de estabilidade, fica a critério do governo aumentar ou não os valores. Se houver aumento, haverá uma repercussão nos preços."

 

Dos R$ 4 bilhões em investimentos programados pelos fabricantes para este ano, R$ 2 bilhões serão da Ambev e visam elevar a capacidade de produção de cervejas e refrigerantes considerando-se o aumento de renda da população e o maior consumo durante os jogos da Copa do Mundo. A meta é ampliar a produção entre 10% e 15%, considerando-se a produção de 11 bilhões de litros de cerveja no ano passado.

 

Parte desse investimento está em andamento. A Ambev iniciou as obras para ampliação das fábricas em atividade em São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Amazonas. Seligman também citou que o aumento da produção de bebidas demandará mais R$ 2 bilhões em investimentos por parte dos fornecedores, tais como fabricantes de latas e de empilhadeiras, e a ampliação da frota de caminhões.

 

O encontro de amanhã ocorre por iniciativa dos fabricantes, que receberam a informação de que o Ministério da Fazenda tem pronta uma pesquisa dos preços das cervejas e refrigerantes para efeito de um eventual reajuste dos valores sobre os quais são calculados o recolhimento do PIS, Cofins e IPI. A base de cálculo é retroativa. A cobrança de 2009 foi feita com base nos valores de venda de 2008. Com isso, a proposta é que o recolhimento dos tributos neste ano também seja feita com a base de cálculo de 2008.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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