A nova safra de laranja (2011/12) do cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais, onde é produzida praticamente toda a matéria-prima utilizada pelas empresas exportadoras de suco do país, deverá aumentar para 387 milhões de caixas de 40,8 quilos, conforme previsão divulgada ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR). É o primeiro levantamento do gênero divulgado pelas indústrias em dez anos. Apesar da ausência de uma base de comparação, a entidade reconhece que a região colherá uma "grande safra".
De acordo com analistas, haverá um crescimento da produção em meio a melhores condições climáticas na fase de desenvolvimento dos pomares da fruta - que começará a ser processada ao longo deste mês. Especialistas ouvidos pela Reuters na semana passada previram que a safra de São Paulo, que responde por 85% da produção brasileira de laranja, deverá crescer entre 15% e 25% ante o ciclo anterior e alcançar cerca de 350 milhões de caixas.
"Esta é uma safra grande, mas não uma super-safra", diz o presidente da CitrusBR, Christian Lohbauer, em comunicado Após safras reduzidas nas últimas temporadas no Brasil, que é o maior exportador de suco de laranja do mundo, os estoques mundiais da commodity também recuaram, apontou a associação integrada por Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus - a segunda e a terceira em processo de fusão.
De acordo com levantamento realizado por auditorias independentes e divulgado pela CitrusBR, os estoques globais de suco de laranja congelado e concentrado do Brasil estavam em 424.702 toneladas em 31 de março de 2011, contra 574.604 toneladas na mesma data de 2010. O volume é calculado em bases equivalentes às do suco concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), que é a commodity negociada na bolsa de Nova York. Em 31 de março de 2009, eram 805.184 toneladas.
"Como os estoques estão num dos níveis mais baixos da história recente, a disputa pela fruta continuará porque as empresas precisam repor os seus estoques de suco de laranja", afirma Lohbauer. "Por essa razão acreditamos que os preços pagos ao produtor [de laranja] se manterão semelhantes aos praticados no ano passado", avaliou. Principalmente por causa da escassez de matéria-prima, o valor pago pelas indústrias pela fruta, seja por meio de contratos de fornecimento de longo prazo ou mesmo no mercado spot, registrou forte valorização no ano passado.
Veículo: Valor Econômico