Chilenos bons e baratos

Leia em 4min 50s

O Chile tem bons tintos para o dia-a-dia, gostosos e fáceis de beber, por menos de R$ 20. Mas antes de comprar muitas garrafas leve uma, prove e só depois feche a compra

 

Abaixo dos R$ 20 ainda encontramos alguns tintos chilenos feitos com a Cabernet Sauvignon corretos, gostosos, fáceis de beber, que dão prazer, mas dificilmente entusiasmam, mais adequados ao dia-a-dia, às ocasiões informais. Nisso, nenhuma surpresa, pois são produtos feitos para isso mesmo. Há mais altos e baixos que na faixa de preços superior (até R$ 35) e é preciso atenção na hora da compra. Quem for comprar em quantidades maiores deve tomar precauções: levar uma garrafa para casa, provar com atenção e só depois completar a compra.

 

Sem dúvida, os melhores tintos populares do Chile são feitos com a Cabernet Sauvignon, que é majoritária em quase todas as regiões tradicionais. Essa uva vem de Bordeaux e costuma gerar bebidas encorpadas, com bastante tanino, que demandam algum tempo na garrafa.

 

No Chile, ela se deu muito bem, os vinhos não precisam envelhecer tanto. Os vinhos mais populares são feitos para consumo imediato e mesmo os melhores não necessitam tanto tempo. Há exceções, mas considero arriscado guardar um bom vinho do Chile mais que sete ou oito anos. O risco é grande e não há tanto a ganhar.

 

Muitas vezes a Cabernet no Chile, principalmente quando a produção é alta, apresenta algumas características vegetais que muitos associam automaticamente ao tinto chileno. Os Cabernets da velha-guarda apresentavam esses toques de pimentão, de eucalipto, de menta, de grama cortada e de goiaba. Quando exageradas, essas características chegam a incomodar um pouco. Nos produtos mais modernos, são mais discretas.

 

A grande maioria dos produtos populares ostenta a denominação "Valle Central", que é bastante elástica. A Cabernet Sauvignon chegou ao Chile no século 19 e se estabeleceu no Valle del Maipo, onde fica Santiago, até hoje considerada a melhor zona para a uva, que também é majoritária nas demais zonas do Valle Central, os vales de Rapel Curicó e Maule. Também domina amplamente no Valle del Aconcágua.

 

TARAPACÁ COSECHA 2007
ONDE ENCONTRAR: ÉPICE, TEL. 6910-4662
PREÇO: R$ 14,92
COTAÇÃO: 85/100
A Tarapacá faz parte de um grande conglomerado com produtos de vários níveis. Ela é do Valle de Maipo, mas este produto é do Valle Central, indicando que pode ter sido feito com uvas das principais zonas vinícolas do Chile. Este vinho é particularmente atraente pelo preço. Um tinto decente, que se deixa beber com facilidade, a um preço realmente atraente. Deve melhorar com um tempo na garrafa. Ainda está meio tânico e ressecante, o que não se percebe quando é consumido com comida. Cor violácea, de vinho bem novo. Aroma agradável e bem típico dos vinhos chilenos tradicionais, evocando aspectos vegetais como os de eucalipto e menta. Primeira impressão na boca muito gostosa, intensa.Depois ficou um pouco rústico, meio ressecante. Pouco concentrado e curto. Melhorou com o tempo no copo. Álcool bem equilibrado. 13% de álcool.

 

GATO NEGRO CABERNET SAUVIGNON 2007
ONDE ENCONTRAR: LA PASTINA, TEL. 3383 -400
PREÇO: R$ 18
COTAÇÃO: 85/100
O tinto básico da gigante San Pedro, o segundo maior conglomerado vinícola do Chile, que tem sede em Curicó, mas faz vinhos em muitos lugares do país. Vinho da denominação bastante genérica Valle Central, que permite a utilização de uva dos vales do Maipo, Rapel, Curicó e Maule. Um tinto ainda muito jovem, que deve ganhar com um pouco mais de tempo na garrafa, mas já dá prazer. Aroma agradável,
bastante típico. Os toques vegetais comuns nos Cabernets chilenos, mais algo floral, talvez lembrando violeta. Um
aroma acima da média. Na
boca, redondo, agradável e fácil de beber. Macio, com taninos nada agressivos. Não muito concentrado e com final um pouco agressivo. Álcool muito bem comportado.
13,5% de álcool.

 

SANTA ALVARA 2005
ONDE ENCONTRAR: EMPÓRIO FREI CANECA, TEL. 3472-2082
PREÇO: R$ 19,50
COTAÇÃO: 84/100
Um tinto do Valle Del Rapel para quem gosta de vinhos potentes e alcoólicos. O vinho é elaborado pela vinícola Lapostolle, que tem muito prestígio. Este não está entre os mais representativos dessa importante vinícola. O site da empresa diz que foi envelhecido em carvalho, o que não percebi. O vinho já tem alguns anos e o aroma está tímido, pouco intenso. O álcool começa a se manifestar no nariz, picando as mucosas. Por trás do álcool, as características dos vinhos de massa feitos com a Cabernet Sauvignon. Evocações vegetais com os habituais toques de eucalipto e algo mineral. Na boca, começa bem, com boa concentração de sabor, mas depois vai sendo dominado pelo álcool, que é o que se destaca mesmo. Acidez um pouco agressiva. Um tinto curto, que desapareceu rapidamente da boca. 14,5% de álcool.

 

SANTA HELENA CABERNET SAUVIGNON RESERVADO 2007
ONDE ENCONTRAR: INTERFOOD, TEL. 6602-7255
PREÇO: R$ 20
COTAÇÃO: 86/100
A Santa Helena é controlada pela gigante San Pedro, mas tem autonomia técnica. Seus vinhos costumam ser altamente confiáveis, como este Reservado, o tinto mais simples da empresa, feito com uvas do Valle Central. Quase todos os vinhos baratos chilenos têm a denominação Valle Central. Aroma agradável, não dos mais intensos, com um ligeiro toque vegetal. Na boca, simples, gostoso, com boa acidez. Um tinto simples, "guloso", que dá vontade de continuar bebendo. Não é e nem tem pretensão de ser grandes. Deve melhorar com mais tempo na garrafa. Melhorou depois de um certo período no copo. Na boca, macio, com algo de chocolate. Boa relação custo-benefício. Álcool bem comportado, equilibrado. 13% de álcool.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Novidades que vão do 'meio tempo' ao 'óleo de motor velho'

Apreciadores da escola cervejeira inglesa têm boas novas, com a chegada da marca Meantime (ou 'meio tempo'). Das q...

Veja mais
Tempos difíceis, marcas seguras

É no famoso boca a boca que François Vitrac, diretor internacional do whisky Glenmorangie, confia o cresci...

Veja mais
Coca-Cola usa seu ícone contra a crise

A Coca-Cola é a marca mais valiosa do mundo - US$ 66,6 bilhões -, conforme ranking elaborado pela consulto...

Veja mais
Vinícola Perini aposta no conceito “Especial é o Agora!”

Baseada no conceito de que o brinde aos bons momentos da vida não deve ser deixado para depois, a Vinícola...

Veja mais
Com borbulhas

O Grupo Famiglia Valduga acaba de lançar uma nova empresa.A Domno vai atuar na importação de vinhos...

Veja mais
Produtor de vinho insiste em imposto fixo para o importado

Produtores de vinhos nacionais alegam que vêm enfrentando concorrência desleal com a entrada de rótul...

Veja mais
Cervejas de Verão

Não dá pra imaginar o Verão sem uma boa cerveja. As importadoras e as cervejarias artesanais do Bra...

Veja mais
Consumo de cerveja no Brasil sobe 6%

Até setembro, foram bebidos 5,5 milhões de litros ante 5,1 milhões em igual período de 2007 ...

Veja mais
Questão de conteúdo

O mesmo produto que com uma roupa entra pelo elevador de serviço e outra, pelo social. A Nova Schin pegou a sua I...

Veja mais