Até setembro, foram bebidos 5,5 milhões de litros ante 5,1 milhões em igual período de 2007
O brasileiro está consumindo mais cerveja. Levantamento da Consultoria Nielsen informa que, de janeiro a setembro, a quantidade de litros consumidos aumentou cerca de 6% em relação ao mesmo período de 2007. Em números absolutos, foram bebidos 5,5 milhões de litros até setembro deste ano ante os 5,1 milhões consumidos no mesmo período do ano passado.
Ênio Rodrigues, diretor do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), diz que o aumento do consumo está relacionado ao crescimento da renda dos consumidores e à estabilidade dos preços. Entre setembro de 2007 e setembro deste ano, a renda média do brasileiro evoluiu de R$ 1.316,12 para R$ 1.390,50, um avanço de 5,7%.
Dados do Índice de Custo de Vida (ICV), que mede a inflação na capital, dão conta de que entre janeiro e setembro deste ano os preços aumentaram 2,44%, porcentual inferior aos das demais bebidas alcoólicas pesquisadas no ICV (veja quadro nesta página) e também ao índice geral do período, que marcou 4,99%. O ICV é apurado mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Mercado concorrido
Rodrigues afirma que os reajustes abaixo da inflação são conseqüência dos custos do setor, que não sofreram pressões que justificassem aumentos mais expressivos. Ele ressalta, ainda, que o consumidor encontra uma ampla variedade de marcas nas prateleiras e reajustes altos o fariam buscar opções de qualidade semelhante com valores mais em conta. “Quem aumentar acima da média perde mercado”, afirma.
Segundo Rodrigues, a venda em supermercados tem ganho espaço em relação à comercialização do produto. “Com a lei que restringiu a bebida alcoólica a motoristas, as pessoas se resguardam e procuram beber em casa, sempre que possível”, acredita.
A afirmação de Rodrigues é amparada por dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas), que detectou um aumento de 20% de venda de cervejas nas gôndolas entre janeiro e setembro.
Martinho de Paiva Moreira, vice-presidente de Comunicação da Apas não tem certeza sobre a relação do aumento das vendas com o consumo caseiro. Ele prefere atribuir o crescimento ao aumento de renda. “Não é possível ter certeza de que as vendas cresceram por conta da nova lei”, afirma.
Para Ana Carolina Franceschi, analista de pesquisa da Nielsen, o crescimento da demanda tem relação direta com o aumento do poder de compra dos brasileiros.
Ela afirma, ainda, que o consumo de cerveja sem álcool também cresceu, de acordo com o levantamento. A analista informou que, se cotejados os dados de setembro de 2008 com setembro de 2007, o consumo desta variante do produto cresceu 18%.
Na opinião de Adalberto Viviani, consultor da Concept, empresa especializada em análises do mercado de bebidas, a lei não afetou o mercado de cervejas. Ele acredita que os consumidores apenas mudaram os hábitos. “Mais gente faz opção por beber próximo de casa ou em casa”, acredita.
Refrigerantes
Diferentemente do preço da cerveja, o ICV detectou alta de 6,81% no preço dos refrigerantes entre janeiro e setembro deste ano. De acordo com Paiva Moreira, da Apas, o reajuste é conseqüência do aumento do açúcar, uma das principais matérias-primas do produto. A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes ( Abir) foi procurada pela reportagem do JT, mas não atendeu ao pedido de entrevista.
Veículo: Jornal da Tarde