Diageo traz nova vodca e mantém metas para o Brasil

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Uma marca com quase 250 anos já enfrentou duas guerras mundiais, a quebra da bolsa nos Estados Unidos em 1929, a criação de alguns países, o desaparecimento de outros tantos, o surgimento da luz elétrica e muitos outros fatos marcantes. "Não é essa crise de agora que irá mexer com os nossos negócios", diz Paul Walsh, CEO mundial da Diageo, a maior fabricante de bebidas alcoólicas do mundo, dona de marcas como a cerveja Guinness, que no ano que vem completa 250 anos, e o uísque Johnnie Walker, de quase um século e meio. No Brasil na semana passada, para o Grande prêmio do Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, o principal executivo da multinacional britânica acredita que os negócios da empresa no país continuarão em 2009 como estão: crescendo a uma taxa de no mínimo 15% ao ano. 

 

"Não menosprezo a crise. Mas somos uma empresa que está em 180 países, com 150 marcas. Se o dinheiro de um país desvaloriza, o de outro sobe. Lidamos com quase uma centena de moedas diferentes, não podemos focar nossos negócios nessa variável", diz o executivo. 

 

Mas é fato, segundo ele, que a Diageo foi beneficiada nos últimos anos pela valorização do real, que barateou o custo de produtos importados, como as bebidas da companhia. Entre 2002 e o ano passado, a marca de uísque escocês que mais cresceu no país foi Johnnie Walker, com 1 milhão de litros vendidos no período, dobrando o volume em apenas cinco anos. 

 

As bebidas, segundo ele, "são um luxo acessível" e por isso a empresa prevê continuar vendendo por aqui, mesmo com a volatilidade da moeda. "As pessoas adiam a compra de um carro, de uma casa ou de algo que exija mais dinheiro. Mas bastam R$ 70 para ter a indulgência que um bom uísque traz e o status da imagem de nossas marcas. É como se dar um prêmio." 

 

Há quem pense também que a Diageo pode se dar bem em tempos de turbulência econômica pela premissa de que em tempos amargos, as pessoas beberiam mais. Mas Walsh não concorda com isso. "As pessoas não bebem mais em época de crise. Ao contrário, continuam bebendo, só que menos. O que nos salva é que elas se mantém fiéis às nossas marcas. Se o dinheiro está curto, ninguém arrisca no desconhecido. É melhor gastar em um produto que irá garantir o retorno desejado. É aí que nós crescemos", afirma o executivo. Atualmente, das 20 marcas de bebidas alcoólicas mais vendidas do mundo, oito são da Diageo. 

 

Por isso, segundo ele, a Diageo se prepara para lançar no ano que vem novas marcas no país, para continuar fomentando o crescimento da empresa nacionalmente. Dentre as novas marcas virão a Vodca Cîroc, de tradição gaulesa e feita com uvas francesas mauzac blanc. 

 

Não é para menos. O consumo de vodcas no país tem crescido substancialmente. Segundo dados Nielsen, o mercado pulou de R$ 519 milhões em 2003 para R$ 896 milhões no ano passado. 

 

A concorrente, Pernod Ricard, ao anunciar seus resultados referentes ao terceiro trimestre do ano na semana passada, ressaltou a boa performance do Brasil, onde a vodca Absolut teve ganho nas vendas de 42% entre julho, agosto e setembro. 

 

"O Brasil é um dos mercados onde mais crescemos", diz Walsh. A maior taxa de crescimento está na África subsahariana (ao sul do deserto do Sahara, incluindo países como Angola, Botswana, Namíbia e África do Sul), onde o consumo aumenta na casa dos 20% ao ano. 

 


Veículo: Valor Econômico


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