Citricultores devem trocar de fungicida

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Sem carbendazim, produto mais barato e que está sendo questionado pelos EUA, custo da produção vai aumentar



Reflexos sobre a safra de laranja só ocorrerão em 2013; Associtrus defende acordo com os Estados Unidos até lá

A possível restrição dos EUA à importação do suco de laranja que contém traços de carbendazim -substância presente em fungicidas aplicados no Brasil- já causa reflexos diretos nos produtores do fruto, que planejam deixar de usar o produto vetado.

A consequência será o aumento imediato nos custos de produção -os demais fungicidas custam até três vezes mais que o carbendazim- e uma maior pressão comercial sobre o pequeno produtor.

O efeito prático, no entanto, só virá em 2013, quando deve haver uma safra "livre" do fungicida vetado.

Isso porque toda a produção que vai abastecer o mercado nos próximos 12 meses já foi fabricada e está em estoque nas indústrias.

O fruto que amadurece agora nos pomares e será processado no final do ano já recebeu a dose do produto.

Para Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), até lá a solução será traçar um acordo com os EUA para a entrada do suco brasileiro naquele país.

"Assim, os envasadores poderão misturar o produto brasileiro com outros que não contenham o fungicida, 'diluindo' a concentração do agrotóxico", disse Viegas.

Outra saída é um possível "rearranjo" do mercado. Como os EUA só compram 15% da produção nacional, o volume poder ser exportado para outros países.

Já o suco brasileiro é importante para o mercado americano porque responde por 80% do que é envasado lá, servindo como base para os "blendings" (misturas de sabores) de várias marcas.

CONTROLE DE PRAGAS

Segundo o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), o carbendazim é usado em conjunto com outros produtos, ao longo da florada e da maturação do fruto, para evitar doenças como a pinta preta e a estrelinha.

A restrição ao produto atinge em especial os pequenos produtores. Descapitalizados, eles não fizeram a pulverização alternando produtos e abusaram do carbendazim, que é mais barato, de acordo com Viegas.

O impacto financeiro será menor em grandes fazendas, pois a tecnologia empregada por elas eleva a produtividade por área, trazendo maior lucro, disse José Luiz Rodrigues, diretor-geral da Cambuhy Agrícola.


Veículo: Folha de S.Paulo


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