A bebida típica americana alça voo

Leia em 4min

Bourbon com sabor conquista fãs em todo o mundo



O bourbon, bebida destilada tipicamente americana, está vivendo um boom. Em uma época em que muitas indústrias americanas enfrentam dificuldades, as destilarias daqui estão faturando com o renascimento de coquetéis baseados em uísque, assim como na sede crescente pela bebida ao redor do mundo.

"O bourbon e o rye estão na moda entre jovens americanos que definem tendências", disse Charles K. Cowdery, autor de "Bourbon, Straight: The Uncut and Unfiltered Story of American Whiskey" [A história sem cortes e sem filtros do uísque americano].

O bourbon é um produto que os Estados Unidos ainda fazem melhor que qualquer outro país -e de certa maneira sempre será. Isso porque o Congresso decretou em 1964 que "o uísque bourbon é um produto distintivo dos EUA".

Três elementos tornam o bourbon único: o milho americano, a água calcária pura e novos barris de carvalho carbonizados.

"É a bebida do povo", disse Fred Sarkis, um barman no Sable Kitchen and Bar, em Chicago. "Não pode ser mais americano."

E as pessoas, não apenas nos EUA mas também no exterior, estão bebendo mais bourbon. As vendas globais de bourbon e uísque do Tennessee alcançaram US$ 3,8 bilhões em 2011, contra US$ 3,7 bilhões em 2010, segundo a Euromonitor International. (O bourbon é um tipo de uísque.)

As destilarias estão expandindo seu mercado com produtos premium, em pequenos lotes ou em barril único, juntamente com infusões com sabores como mel, cereja e especiarias. Os cinco principais do setor são Jack Daniel's, da Brown-Forman; Jim Beam, da Beam Inc.; Evan Williams, da Heaven Hill Distilleries; Maker's Mark, também da Beam; e Early Times, também da Brown-Forman, segundo o Liquor Handbook 2011.

O Jack Daniel's, produzido em Lynchburg, Tennessee, orgulha-se de se chamar de uísque do Tennessee. Mas, assim como o bourbon, é feito principalmente de milho e envelhecido em novos barris de carvalho carbonizados. O sabor típico vem do processo "mistura de carvão", que envolve despejar o uísque através de 3 metros de carvão de bordo doce.

Dennis Withey, de Louisville, costumava ser um grande bebedor de uísque escocês, mas não mais. Em uma noite de terça-feira, Withey e um companheiro de copo, Bob Engle, desfrutavam uma dose de US$ 3 de Very Old Barton, juntamente com cerveja, no Silver Dollar, um novo bar e restaurante. O Barton "estava bom e suave", disse Withey.

O interesse por uísque americano permeou a cultura popular em livros como Last Call: The Rise and Fall of Prohibition [Última chamada: A ascensão e queda da Lei Seca], de Daniel Okrent; o documentário Prohibition, de Ken Burns e Lynn Novick; e a série da TV da HBO "Boardwalk Empire".

O pessoal do ramo está entusiasmado com os novos clientes que são atraídos pelos sabores infundidos, como cereja e mel.

Embora atrasado para a festa dos sabores, o Jack Daniel's fez sucesso com o Tennessee Honey, um licor de mel de 70 ° misturado com Old No.7 Jack Daniel's Whiskey. Michael J. Keyes, presidente na América do Norte da Brown-Forman, disse que o sabor de mel está repercutindo entre os afro-americanos, hispânicos e mulheres.

"Todo mundo gosta da marca Jack Daniel's, mas o Black Label pode não ser para eles", ele disse. "Este parece ser acessível com um grupo demográfico diferente."

A Jim Beam descobriu que isso é verdade sobre seu bourbon Red Stag Black Cherry, lançado em 2009. "O que fez é o que pensamos que faria, que é ampliar o público do bourbon para pessoas que não o bebiam", disse Bill Newlands, presidente da Beam.

Na Brown-Forman, o mestre destilador Chris Morris arranjava tiras de madeira como as que são usadas para fazer barris à mão na fábrica da companhia, a alguns quilômetros de distância. Envelhecer a bebida destilada em um segundo barril é o segredo do novo bourbon Woodford Reserve Double Oaked, ele disse. "Nós pegamos um lote maduro de Woodford Reserve, reduzimos para 110 graus e colocamos em um segundo novo barril." Os barris são armazenados durante um ano, misturados e engarrafados.

Ele exibiu uma amostra. "Agora você tem notas de mel ou de manteiga", ele disse. O bourbon e o uísque do Tennessee representam cerca de 70% dos US$ 1,1 bilhão em bebidas destiladas americanas exportadas, segundo Frank Coleman, do Conselho de Bebidas Destiladas dos EUA. As exportações prosperaram na última década e aumentaram 17% até outubro de 2011, frente ao ano anterior.

Muitas destilarias do Kentucky têm se expandido. A indústria aposta em um grande crescimento na Índia e na China, disse Cowdery. "Se esses mercados se desenvolverem como previsto, ninguém terá ganho o suficiente. Senão, todo mundo já ganhou demais." As tendências podem mudar em um instante, ele advertiu.


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Citricultores devem trocar de fungicida

Sem carbendazim, produto mais barato e que está sendo questionado pelos EUA, custo da produção vai ...

Veja mais
Cerveja especial agora em casa

Depois dos quiosques em shoppings, surgem os clubes de assinatura que selecionam e entregam cervejas do mundo todoAt&eac...

Veja mais
Suco não preocupa, diz Coca

Um fungicida não aprovado nos Estados Unidos e encontrado em suco de laranja vendido pela Coca-Cola naquele pa&ia...

Veja mais
Produção de cerveja cresce 3,3% em 2011

Marcas especiais foram as que mais cresceram e importação dobrou de volume Em um ano com reajuste de impo...

Veja mais
EUA suspendem importação de suco

Americanos alegam presença de fungicida proibido no suco de laranja brasileiro; ministro afirma que produto nacio...

Veja mais
Marca mexicana se torna estrela da Heineken nos EUA

A cerveja da Heineken foi a primeira marca estrangeira a entrar nos Estados Unidos depois do fim da proibiç&atild...

Veja mais
EUA podem barrar suco de laranja brasileiro

Foram encontrados traços do fungicida carbendazim em uma carga do produto no Estado da Flórida   A ...

Veja mais
Americanos testam suco de laranja brasileiro

Não há plano imediato para barrar ou recolher o produto, pois nível do fungicida não apresen...

Veja mais
Vinho brasileiro à mesa chinesa

Com o trabalho da Apex e do Instituto Brasileiro do Vinho, a China entrou na lista dos cinco maiores importadores de vin...

Veja mais