Indústria ameaça investir menos

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Os fabricantes de bebidas "frias" (cervejas, águas, sucos e refrigerantes) ficaram surpresos com o pacote do governo para o setor produtivo anunciado na quarta, que indicou o aumento do valor a ser pago pela indústria em Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS e Cofins.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerante e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Herculano Anghinetti, os empresários estão pedindo há um mês uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar do assunto e não tiveram resposta.

A expectativa é que a reunião ocorra na semana que vem, quando a indústria vai levar a Mantega uma proposta de investimento recorde do setor, de R$ 7,9 bilhões, que deverá ser feito este ano, desde que o valor do imposto não seja alterado. "Como contrapartida, vamos aumentar a produção, gerar empregos, vender mais, o que vai gerar maior arrecadação para o governo", diz Anghinetti. Segundo ele, caso a proposta não seja aceita, a indústria vai investir menos. Ele nega que seja "retaliação". "Será apenas uma consequência econômica", afirma.

De acordo com o executivo, a proposta deverá ser levada a Mantega pela Abir em conjunto com outras duas entidades do setor, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe). Nas bebidas, as alíquotas de IPI, PIS e Cofins incidem sobre uma tabela de preços de referência, elaborada a partir de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com a média do preço dos produtos. Com base nessa tabela, atualizada anualmente, a indústria discute com o governo se os impostos vão ou não continuar nos mesmos patamares. "Se o preço de referência cai, a indústria paga menos imposto", diz.

Procuradas, Ambev, Schincariol e Petrópolis não quiseram se pronunciar sobre a questão. A PepsiCo não retornou até o fechamento dessa edição. Já a Coca-Cola afirmou que o seus investimentos de R$ 2,8 bilhões no Brasil este ano serão mantidos, independentemente da decisão sobre os impostos.



Veículo: Valor Econômico


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