A Anheuser-Busch InBev (ABInBev), formada na semana passada com a fusão das maiores cervejarias da Europa e das Américas, reativaram a venda de ações, para pagar a dívida de US$ 54,8 bilhões, depois que seus controladores se dispuseram a desembolsar mais dinheiro.
Até 986,1 milhões de novas ações estão sendo vendidas para os atuais investidores, a € 6,45 cada, para captar € 6,36 bilhões (US$ 8,05 bilhões), informou a empresa. Os investidores poderão subscrever oito novas ações para cada cinco que já tinham até 9 de dezembro.
Ontem, depois que o preço foi anunciado, as ações caíram 19,90%, ou €4,10, para € 16,50 no pregão da Bolsa de Bruxelas, fechando no menor valor desde março de 2003. A empresa disse que os seus controladores, executivos brasileiros e famílias belgas, vão gastar € 2,8 bilhões em ações para manter sua condição de majoritários, mais do que o dobro de suas intenções no mês passado. "Eles acreditam na empresa e também precisam concluir o negócio", disse Giuliu Lombardi, analista da Fitch Ratings, em Londres. "Eles não podem esperar até que a situação do mercado financeiro melhore", disse.
A ABInbev disse que o BNP Paribas, o Deutsche Bank AG e o JPMorgan Chase & Co. estão gerenciando a venda de até € 1,2 bilhão em ações da Anheuser-Busch InBev desprovidas do direito de participar da atual oferta.
A ex-InBev mudou seu nome na semana passada, depois de adquirir a Anheuser-Busch Cos. por US$ 52 bilhões, no maior negócio concluído este ano. A InBev havia adiado em 14 de outubro a emissão de ações com direito preferencial de subscrição, devido à queda nos preços das ações em todo o mundo. A empresa argumentou na ocasião que esperaria que os mercados estivessem mais estáveis, mas as suas ações caíram mais de 30% desde então.
"Há movimentos violentos de mercado neste momento, mas (a situação) pode ficar ainda pior no ano que vem", tornando mais difícil a venda de ações ou o pagamento da dívida, disse Karim Bertoni, que participa da administração de US$ 26 bilhões no Banque Syz & Co., em Genebra.
A venda das ações "é o primeiro passo do pagamento da montanha de dívidas", disse Rob Mann, analista da Collins Stewart, em uma nota. "A contribuição das famílias deve facilitar a emissão das ações. Esta situação continua a ser de risco relativamente alto."
A Anheuser-Busch InBev considerou "uma série de fatores" para determinar a ocasião da venda, entre eles a crescente disposição de investir por parte dos acionistas controladores, segundo Marianne Amssoms, porta-voz da empresa. Ela se recusou a fazer mais comentários.
Os acionistas majoritários consistem de um grupo de ex-banqueiros brasileiros, entre eles o principal executivo, Carlos Brito, e as famílias belgas que fundaram a Interbrew, antecessora da InBev. Em 2004, a brasileira AmBev se fundiu com a Interbrew, formando a InBev.
Veículo: Gazeta Mercantil