Salinas conquista selo de IG

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Certificação deve inibir falsificação, garantir qualidade e ampliar mercados.


Após dois anos e sete meses de espera, produtores da cachaça artesanal de Salinas, no Norte de Minas, conquistaram o selo de Identificação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Com a certificação, produtores da região esperam agregar valor à bebida e ampliar a atuação nos mercados nacional e internacional. A expectativa é que até o final do ano algumas marcas já sejam comercializadas com o selo.

A conquista da IG vai garantir aos consumidores que o produto identificado pelo selo tem a qualidade e as características específicas da região, informa o presidente da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (APCS), Nivaldo Gonçalves das Neves. Além disso, a certificação trará mais segurança para as empresas, pois vai inibir a falsificação e a concorrência desleal com produtores das demais regiões que comercializam a cachaça como se fosse produzida na região de Salinas.

"Agora que o Inpi concedeu o selo, vamos nos organizar e colocar em funcionamento um comitê que irá avaliar o sistema de produção da cachaça em Salinas. As empresas interessadas em adquirir o selo IG precisam estar dentro do padrão que caracteriza a região. Acreditamos que, até o final do ano, algumas marcas já chegarão ao mercado com a identificação de procedência", disse.

Os produtores de cachaça de Salinas entraram com pedido de Indicação Geográfica no Inpi em dezembro de 2009. A região de Salinas é uma das maiores produtoras de cachaça do Brasil, reunindo cerca de 100 produtores, 50 marcas com produção anual próxima a cinco milhões de litros de cachaça artesanal.

Ao todo, são 25 alambiques associados à APCS e cerca de cinco não associados. Todos poderão optar pelo selo desde que estejam localizados nos municípios de Salinas, Novorizonte e em algumas partes dos municípios de Taiobeiras, Santa Cruz de Salinas, Rubelita e Fruta de Leite, todos localizados no Norte de Minas.

"O selo de procedência poderá ser utilizado por todos os alambiques dentro da região de Salinas, desde que estes enquadrem em uma série de normas que qualificam o produto como artesanal. A obtenção do selo, além de contribuir para a expansão do mercado e da renda, também irá estimular para que os alambiques irregulares invistam na regulamentação da atividade e nos processos produtivos", disse.

Exigências - Dentre as exigências para conquistar do IG, o produtor deve estar legalizado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); deve utilizar a fermentação natural da cana; o corte da matéria-prima tem que ser manual; e a bebida precisa ser produzida em alambiques de cobre e dorna de aço inox.

Todos os aspectos serão avaliados antes da concessão do selo, que tem validade de um ano. A renovação da certificação só poderá ser feita com a comprovação de que os processos permanecem dentro do padrão.

A expectativa com a diferenciação do produto no mercado é de que a cachaça da região seja reconhecida pela qualidade e exclusividade, o que é essencial para agregar valor. De acordo com Neves, a cotação da cachaça com indicação de procedência deve ser impulsionada em pelo menos 15%.

"O consumidor brasileiro está cada vez mais exigente e sabe valorizar os produtos que têm identificação de procedência, por ser uma garantia de qualidade. Na Europa, este conceito já está difundido, o que também favorece o ingresso da cachaça de Salinas no mercado internacional", disse.

A bebida de Salinas é a primeira cachaça a conquistar o IG em Minas Gerais e a segunda no país, que já tem a Cachaça de Paraty certificada. No Estado, produtores de cachaça da região de Ouro Preto, na região Central, também iniciaram o processo de certificação.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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