Holandesa Refresco acende luz amarela e prejudica brasileiras

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Cutrale, Dreyfus e Citrosuco sentem impacto da crise na Europa, onde estão cinco das maiores envasadoras


Há mais de dez anos sem registrar crescimento em suas operações, Cutrale, Louis Dreyfus e Citrosuco/Citrovita agora têm mais um desafio pela frente. A crise internacional tem levado empresas envasadoras de bebidas a acenderem a luz amarela ao suco de laranja brasileiro.

Uma das companhias que podem colocar o pé no freio é a holandesa Refresco Group, quarta maior compradora de suco de laranja do mundo. Das 67,8 mil toneladas de suco que compra, em média 65,7 mil toneladas são adquiridas das empresas brasileiras. Com umplano de expansão baseado em aportes previstos para serem feitos a partir de fundos de investimentos, a companhia sente os efeitos da falta de crédito na Europa.

Uma fonte ligada a uma companhia de comércio exterior brasileira explica que recentemente algumas agências de avaliação de risco rebaixaram a nota da Refresco de B1 para B2 por causa de suas dívidas. Com o alto custo do suco e das embalagens somado à queda no consumo, a companhia está em uma situação delicada. “É um alerta. Se essa situação se prolongar por muito tempo, teremos mais problemas”.

Procurada, a Refresco não quis se pronunciar. Dados preliminares de um levantamento de volumetria de suco de laranja exportado para a Europa comprova o cenário ruim. De 2003 a 2011, o consumo do produto registrou queda de 4,9%. Já entre 2010 e 2011, a retração foi de 1,6%.

Nesse período, a Alemanha, viu seu consumo se retrair em 2%, enquanto na Espanha o volume despencou 5%. Em outros países, o tombo foi maior. Grécia teve queda de 11%, a Polônia, de 10%, enquanto na Irlanda o consumo foi reduzido em 8%. O continente europeu consome cerca de 70% do suco produzido no Brasil. Cerca de 15 envasadoras são as responsáveis pela compra desse percentual na Europa.

Diante da queda no consumo e dos altos preços do suco e das embalagens, essas empresas estão optando por investir em néctares e refrescos, produtos diluídos, com baixo percentual de suco de laranja. “Some a isso a redução nas vendas para o mercado americano, que deve comprar 70 mil toneladas a menos por causa do problema com o fungicida carbendazin, e temos um quadro ainda pior”, explica Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Preços

O excesso de laranja no mercado brasileiro após duas safras recordes, somado ao baixo consumo, estão puxando para baixo os preços do suco. Essa queda representa um tombo e tanto para a indústria.

Em 20 de julho de 2011, a tonelada do suco concentrado (FCOJ em inglês) foi fechada a US$ 2.476 no mercado dos Estados Unidos. Na mesma data deste ano,a tonelada era cotada a US$ 1.185. Já quando o destino é o mercado europeu, a cotação média, com a bolsa em torno dos 180 pontos, está em torno de US$ 2.400.

A partir de outubro, quando os contratos serão renovados, o mesmo suco poderá ser vendido a US$ 1.500, caso os preços da bolsa sirvam como parâmetro. Com isso, o faturamento da indústria brasileira que está estimado em US$ 2,5 bilhões para este ano, pode cair para US$ 1,3 bilhão em 2013.

Fabricantes vão reagir

Na tentativa de reverter a queda nas exportações e no consumo de suco de laranja no mercado Europeu e nos EUA, Cutrale, Louis Dreyfus e Citrosuco/Citrovita, preparam um levantamento de dados sobre o mercado. O estudo, coordenado pela Citrus- BR, resultará em uma campanha de marketing mundial para estimular o consumo do suco 100%, que vem travando uma batalha amarga com néctares e bebidas gaseificadas. “As pessoas não sabem que 85% do suco consumido na Europa é basileiro. Temos que mostrar a qualidade do produto”, explica Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR. “O suco de laranja precisa se posicionar melhor no mercado, para recuperar as perdas”, diz Maurício Mendes, presidente da Informa Economics


Veículo: Brasil Econômico


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