A operação de bebidas da PepsiCo no continente americano patinou durante o segundo trimestre de 2012. A receita da divisão recuou 5%, para US$ 5,3 bilhões. Em volume, a queda foi de 1%. O lucro líquido recuou 21%, passando de US$ 1,9 bilhão em 2011 para US$ 1,5 bilhão.
O resultado só não foi pior porque o consumo no Brasil foi forte. Em conferência com analistas para apresentar os resultados, a CEO e presidente do conselho da PepsiCo, Indra Nooyi, disse que a empresa registrou um "forte crescimento orgânico de dois dígitos em bebidas na Índia e no Brasil".
A companhia não abre resultados por país, mas, considerando apenas os mercados emergentes e em desenvolvimento, o crescimento orgânico (excluídas aquisições) da receita líquida foi de 9%. No mundo, o aumento foi de 5%. Indra acrescentou que os mercados mexicano e indiano de salgadinhos cresceram "dois dígitos", e que a empresa fez "progressos" no Leste Europeu. "Nosso foco de execução é especialmente evidente em vários de nossos mercados emergentes e em desenvolvimento", disse a executiva
O México puxou a receita da divisão de alimentos da América Latina, que cresceu 8% no trimestre, para US$ 1,9 bilhão. O balanço divulgado ontem mostra que essa divisão, entre as seis da companhia, foi a que obteve melhor desempenho. Além dela, apenas a área de salgadinhos na América do Norte teve resultado positivo (ver tabela). A receita das outras quatro divisões recuou.
Mudanças estruturais, como as realizadas nas redes de franquias de bebidas na China e no México, e os efeitos de câmbio (fortalecimento do dólar) prejudicaram a receita global da PepsiCo, que recuou 2% no trimestre, para US$ 16,4 bilhões. Excluindo esses itens, o crescimento orgânico da receita foi de 5% na comparação anual. Em volume global, a categoria de salgadinhos cresceu 6%, e a de bebidas, 1%. Os preços subiram 4%.
"A PepsiCo está executando a estratégia que definimos no começo do ano e estamos no caminho para atingir nossos objetivos ao fim do ano", disse Indra, em comunicado. "Fomos capazes de atuar com preços significativos no segundo trimestre, refletindo a força do nosso portfólio e o sucesso das nossas iniciativas em embalagens. A nossa abordagem disciplinada para preço e o foco contínuo em investimento de marca levou a um crescimento orgânico de 5% da receita líquida e nos permitiu compensar substancialmente o aumento aproximado de US$ 350 milhões em custos de matérias-primas."
A PepsiCo enfrenta dificuldades para crescer nos Estados Unidos. Em fevereiro, a empresa anunciou algumas ações para cortar gastos e direcionar seu crescimento até 2020. Entre elas, divulgou um aumento entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões este ano em marketing e propaganda na América do Norte. Os acionistas reclamavam há meses sobre o desempenho do grupo nesse mercado.
Como resultado, os gastos em publicidade nos Estados Unidos avançaram 40% no segundo trimestre de 2012 e 30% no acumulado do ano.
No começo de 2012, o grupo anunciou um programa de redução de custos para economizar US$ 1,5 bilhão até 2014, sendo US$ 500 milhões ao ano. Nele, incluiu a demissão de 8.700 funcionários em 30 países, equivalente a 3% de sua força de trabalho. A receita líquida da PepsiCo gira em torno de US$ 65 bilhões ao ano, e seu portfólio conta com as marcas Quaker, Gatorade e Pepsi Cola, entre outras.
Veículo: Valor Econômico