Os técnicos do Ministério do Desenvolvimento recomendarão a rejeição do pedido dos produtores nacionais de vinho para adoção de medidas de salvaguarda contra o vinho importado de países de fora do Mercosul.
O pedido, que deixa de fora as compras de vinho argentino e uruguaio, reivindica a criação de barreiras, possivelmente cotas de importação, contra vinho estrangeiro, especialmente o europeu e o chileno. Os produtores nacionais argumentam que querem apenas conter o crescimento das importações de vinho em limites que não ameacem a produção nacional.
A decisão final deve ser anunciada apenas nos primeiros dias de setembro, após a viagem do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, a Cuba, nesta semana. Após analisar mais de 300 manifestações de interessados, desde maio, quando foi aberto o processo de análise das salvaguardas, os técnicos do ministério não consideraram os argumentos dos produtores brasileiros consistentes com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que só permitem esse tipo de barreira quando comprovado um surto imprevisto de importações que ameace a produção nacional.
Os fabricantes brasileiros argumentaram que a crise mundial levou os vinhedos tradicionais a buscar alternativas, inundando mercados dinâmicos como o Brasil. Importadores e consultores ligados aos produtores estrangeiros contestaram essa tese. Segundo dados encaminhados à secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, os países que reduziram suas vendas à Europa, Austrália, aos Estados Unidos e à África do Sul, não buscaram compensação no mercado brasileiro. O Chile, um dos países que que mais aumentaram suas vendas ao Brasil, até elevou as exportações para a Europa.
Grande mercado para os produtores mundiais de vinho, os Estados Unidos chegaram a reduzir as importações da bebida em 2008, mas o consumo se recuperou depois e as importações chegaram, em 2010 e 2011, a níveis superiores aos de antes da crise financeira.
Os produtores da União Europeia alegaram que, embora o consumo europeu tenha caído, esse movimento é mais antigo que a retração econômica da região, e está ligado a mudanças de hábitos de consumo.
O governo brasileiro analisa, agora, o que fazer para atender ao temor dos produtores nacionais, que vêm perdendo espaço para os concorrentes do exterior, com vinhos de melhor qualidade a preços menores. Uma reunião com o setor pode ser convocada para apresentar os resultados do processo de análise do pedido de salvaguardas, nos próximos dias.
Veículo: Valor Econômico