O lucro líquido da PepsiCo caiu 5% no terceiro trimestre, à medida que a fabricante de bebidas e salgadinhos injetou mais dinheiro para reforçar suas marcas principais e desenvolver produtos que a posicionem para o futuro.
A companhia, a segunda maior fabricante mundial de refrigerantes, está tentando alcançar a líder Coca-Cola. Numa época em que aumenta a preocupação dos consumidores dos mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos, com a ingestão de produtos adoçados com açúcar, as duas empresas têm apostado mais em chás, águas e outras bebidas. Mas os refrigerantes continuam um grande ramo de negócios e a Coca-Cola expandiu sua participação de mercado nos últimos anos, por meio de um marketing agressivo e de novas embalagens.
Com a queda de sua participação, a PepsiCo começou este ano a se empenhar em reforçar a posição do refrigerante tipo cola que leva o seu nome e de outras marcas-chave. O plano de recuperação inclui o investimento em publicidade com cantores como Nicki Minaj e atletas como Drew Brees, do time New Orleans Saints de futebol americano.
Segundo a PepsiCo, deverá ser necessário cerca de um ano para que esses esforços comecem a render frutos. Por enquanto, a empresa informou que o volume de vendas de sua divisão de bebidas caiu 3% no terceiro trimestre. A venda de refrigerantes recuou 2%, em parte devido a uma mudança do calendário, embora, segundo a empresa, sua participação de mercado tenha melhorado.
A venda de bebidas não alcoólicas e não gasosas diminuiu 7%; sem fornecer detalhes, a empresa disse que a retração desse último item se deveu, em parte, ao fato de a empresa ter descartado embalagens menos lucrativas de sucos.
A CEO da PepsiCo, Indra Nooyi, disse em teleconferência com investidores que o trabalho em certas áreas da divisão de bebidas da América do Norte está em andamento. Como exemplo, ela citou o isotônico Gatorade, que teve as vendas afetadas, já que a empresa não quis baixar preços, igualando-o a outras marcas da categoria, para não perder rentabilidade. Posicionando o Gatorade como bebida desenvolvida especificamente para atletas, Indra disse que a PepsiCo poderá cobrar preços mais altos no longo prazo.
O mesmo vale para a água engarrafada. Indra observou que há "uma guerra de preços" no segmento e que a ideia da companhia é se afastar da simples busca de picos de volume no curto prazo.
No total, a PepsiCo informou ter tido um lucro de US$ 1,9 bilhão, ou US$ 1,21 por ação. A receita total recuou 5%, para US$ 16,6 bilhões, em parte devido às taxas de câmbio desfavoráveis e às novas concessões de franquia na China e no México. Excluindo-se o impacto das taxas de câmbio e de outras mudanças, a receita subiu 5%. O aumento refletiu o salto de 1% dos volumes e a alta de 4% dos preços.
A PepsiCo prevê que os custos dos ingredientes de seus produtos ficarão mais moderados no quarto trimestre. Mas para o ano como um todo a empresa ainda prevê que os lucros corrigidos cairão 5%.
Os resultados da PepsiCo foram divulgados um dia após sua concorrente Coca-Cola ter informado que seu lucro líquido no terceiro trimestre aumentou 4%, para US$ 2,31 bilhões, ou US$ 0,50 por ação, sobre uma receita de US$ 12,34 bilhões, que teve alta de 1% na comparação com igual período do ano anterior.
As vendas mundiais da Coca-Cola aumentaram 4% em volume, enquanto na América do Norte a alta foi de 2%. A empresa informou que este último aumento foi puxado por bebidas não gasosas, como a Powerade, enquanto as vendas de refrigerantes permaneceram inalteradas em relação ao ano passado.
De olho no futuro, a PepsiCo está desenvolvendo produtos que atendem aos gostos em transição. Para o ano que vem, por exemplo, Indra disse que a empresa planejou lançamentos no segmento de bebidas energéticas, de crescimento acelerado.
Veículo: Valor Econômico