Produto é feito por 17 fabricantes independentes. Em2013, projeto será exportado para América Latina
Quando vai se encontrar com alguém que ainda não conhece a marca Ice Cola, o presidente da empresa, Cláudio Bruemueller, tem o hábito de levar uma sacola térmica recheada de latinhas e copos descartáveis. Se for em algum restaurante, chega a dispensar a bebida do lugar, para que o convidado tenha a possibilidade de degustar o produto. “Apresentar o nosso sabor é a nossa melhor arma”, afirmou ao BRASIL ECONÔMICO, logo após tomar um gole do refrigerante.
Apresentar a Ice Cola para o máximo de pessoas possível faz parte do plano da empresa de abocanhar boa parte do mercado de refrigerantes de cola do Brasil. “Não queremos comprar briga com ninguém. Há espaço para os grandes competidores e para nós”, afirma. Segundo ele, o consumo anual de refrigerantes no Brasil é de 84 litros por ano por habitante. “Em países vizinhos, como Argentina e Chile esse número é 50% maior. Isso mostra que tem um espaço ai que ninguém está ocupando.” Com o crescimento previsto para os próximos anos, a Ice Cola espera, até 2015, ocupar a segunda posição do mercado de refrigerantes a base de cola no país, posto hoje ocupado pela Pepsi.
Quem escuta as pretensões da Ice Cola pode até pensar que a marca tem por trás o apoio de alguma grande multinacional. Definitivamente não é o caso. A marca nasceu da união de diversos fabricantes independentes de refrigerante, que resolveram aglutinar forças para ganhar espaço no mercado de bebidas de cola, área em que a indústria nacional nunca conseguiu desenvolver uma grande tradição. Cada um desses fabricantes atua como um franqueado da marca. “Juntos, conseguimos desenvolver melhores planos de marketing. E o fato de sermos vários barateia até a compra de brindes para promoções”, afirma Bruemueller.
O primeiro fabricante a aderir ao projeto, em fins de 2008, foi a refrigerantes Marajá, do Mato Grosso, que tem Bruemueller como um dos sócios. Mais recentemente, os planos foram acelerados e, hoje, a Ice Cola conta com 17 franqueados, em diversos estados do país. “Normalmente são marcas muito fortes em suas regiões de origem”, diz o executivo. Entre os fabricantes estão nomes como Mate Couro, de Minas Gerais, e Coroa, do Espírito Santo. “Quanto mais forte e bem estruturada é a empresa na região, maior costuma ser a força da Ice Cola por lá.” Para 2013, a empresa já tem acertados 6 novos contratos de franquia e não descarta a possibilidade de que novos acordos sejam fechados ao longo do ano. Com isso, ela pretende se fortalecer nos estados onde há maior consumo de bebidas, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Nas áreas em que já atua, o market share da Ice Cola costuma variar ente 5% e 10%. “Em 2012 vamos vender cerca de 200 milhões de litros, o que dá uma receita de uns R$ 400 milhões”, afirma Bruemueller. Para o ano que vem, além das 6 novas fabricantes, a Ice Cola projeta crescer entre 10% e 12% nos lugares em que já atua. “É um crescimento bem acima domercado, que tem crescido pouco”, diz o presidente. “Mas já conseguimos atingir isso este ano, então é possível.”
Briga de gigantes
Por mais que a participação da Ice Cola ainda se restrinja mais a cidades do interior do país, o crescimento a bebida já tem incomodado os gigantes. Recentemente, a Coca-Cola entrou com um processo contra a empresa por ver similaridades nos rótulos das duas marcas.
Bruemueller diz que prefere não falar sobre a briga com as multinacionais e que nem há motivo para fazer isso. “Não quero tomar o espaço de ninguém. Só conquistar o meu.” Mesmo assim, o tema sempre aparece. “Disputar com esses caras não é fácil. Mas quando entramos no jogo, já sabíamos que eram essas as regras e era essa a situação. Então nos preparamos o máximo para isso.”
Internacionalização
Conquistar os interiores do Brasil não é o auge dos planos da Ice Cola. “A marca foi feita para ser internacional”, diz. Para isso, o nome e a identidade visual já foram registrados em mais de 70 países, incluindo Estados Unidos e Europa. Os primeiros que devem começar a produzir Ice Cola fora do Brasil devem ser os vizinhos da América do Sul. “A tendência é que em 2013 a gente já tenha 3 ou 4 operações internacionais”, afirma o executivo. “Algumas conversas estão bem adiantadas.”
Veículo: Brasil Econômico