Parceria com a Europa dobrou preço pago e motivou investimentos em Liberato Salzano
Uma parceria com a Europa transformou a realidade dos produtores de laranja do município de Liberato Salzano, próximo a Passo Fundo, no norte do Estado. A oportunidade de exportar suco concentrado para um determinado mercado dobrou o preço pago e motivou a ampliação dos investimentos na fruta em 2013.
O início da operação de uma indústria de sucos no município, no segundo semestre de 2011, motivou a Associação dos Citricultores de Liberato Salzano, na época com 92 associados, a buscar uma certificação – conquistada em maio deste ano – que possibilita a venda do produto no mercado internacional. Com isso, a associação conquistou, em outubro, seu primeiro contrato de exportação.
A negociação foi realizada via Comércio Justo (Fair Trade), uma prática internacional que garante o pagamento de preço mínimo ao produtor. A associação exportará para a Suíça, até fevereiro de 2013, cem toneladas de suco concentrado. O primeiro carregamento foi no final de novembro. Na Europa, o Comércio Justo movimenta 7 mil toneladas de suco concentrado de laranja por ano.
– Foram exportadas 27 toneladas de suco, feitas com cerca de 300 toneladas de laranja. Isso pode mudar a vida dos citricultores, que são agricultores familiares – explica Leandro Rubini, tesoureiro da associação, que atualmente conta com 127 produtores.
O segundo carregamento, também de 27 toneladas, foi realizado nesta semana. Segundo Rubini, antes os produtores vendiam o quilo de laranja por cerca de R$ 0,12 no comércio local. Agora, quando comercializam para a indústria, ganham R$ 0,26 pelo quilo da fruta, um acréscimo de mais de 100%.
Para a próxima safra, com início em julho de 2013, a associação pretende criar uma cooperativa, com objetivo de vender cerca de 500 toneladas de suco concentrado, o que corresponde a cerca de 5 mil toneladas de laranja in natura. A expectativa é ampliar os negócios para outros países, principalmente para a Alemanha.
– A ideia é que a cooperativa seja regional, pois produtores de municípios vizinhos como Constantina, Planalto, Rodeio Bonito e Alpestre nos procuraram, com intenção de participar – afirma Rubini.
A boa fase da fruta motivou o agricultor Volnei Miotto, 30 anos, a planejar a ampliação do pomar, de seis hectares para sete hectares no próximo ano, o que corresponde a cerca de 500 novas árvores. Com isso, o produtor deve diminuir o cultivo de soja e de trigo na propriedade de 45 hectares que tem em Liberato Salzano:
– Com a venda garantida para a indústria, a laranja acaba sendo mais rentável do que os grãos.
De acordo com o técnico da Emater Valtemir Bazeggio, só os sócios da Associação dos Citricultores cultivam cerca de 130 hectares da fruta em Liberato Salzano. Em todo o município, 500 produtores cultivam 1,5 mil hectares de citros.
– A laranja é uma ótima alternativa para pequenos produtores, que cultivam poucos hectares. Outra vantagem é que estes pomares não sofrem com a estiagem – explica Bazeggio.
Cada agricultor do município produz, em média, 25 toneladas de laranja por hectare, conforme a entidade.
Receita concentrada
Como a produção de laranjas vai parar na caixinha, na forma de suco concentrado:
– Em média, de cada cem toneladas de laranja, são produzidas 10 toneladas de suco concentrado
– Para a produção do concentrado, toda a água da laranja é retirada, por meio de um rocesso de evaporação
– Na indústria, a transformação da laranja in natura em suco concentrado leva aproximadamente duas horas
– Para exportar à Suíça, o suco concentrado é armazenado em tambores de 250 quilos
– Antes de serem levados ao porto, os tambores ficam armazenados em uma câmara fria, com temperatura média de -14°C, para manter a qualidade
– Na Europa, o concentrado é usado pelas indústrias de suco. Cada quilo de concentrado pode ser misturado a até sete litros de água, produzindo cerca de oito litros de suco
Veículo: Zero Hora - RS