Capital aberto. Fabricante de bebidas superou a Petrobrás, tradicional líder desse ranking, que perdeu R$ 36,7 bilhões em valor de mercado no ano passado; no geral, as 302 empresas listadas na BM&FBovespa alcançaram, em 2012, uma valorização de 12,34%
A Ambev encerrou 2012 como a empresa mais valiosa do Brasil e da América Latina, superando a Petrobrás. O valor de mercado da cervejaria cresceu 40,9% no ano passado e atingiu R$ 264 bilhões, segundo levantamento da consultoria Economática. A empresa adicionou R$ 76,7 bilhões ao seu valor no ano passado, a maior valorização em números absolutos no período entre as 302 empresas brasileiras abertas.
Já Petrobrás caminhou em sentido oposto: perdeu 12,6% do seu valor e encerrou 2012 avaliada em cerca de R$ 255 bilhões. A desvalorização somou R$ 36,7 bilhões, a maior, em números absolutos, entre as empresas listadas na BM&FBovespa.
"A Ambev se beneficiou do consumo interno aquecido e de um modelo de gestão consistente, que trouxe resultados positivos", disse o consultor e professor de planejamento estratégico empresarial da Fundação Getúlio Vargas e do Mackenzie, Marcos Morita.
A cervejaria lucrou R$ 6,8 bilhões no período entre janeiro e setembro de 2012, uma alta de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior. No período, a Petrobrás divulgou um lucro líquido 52% menor em 2012, de R$ 13,4 bilhões.
Para Morita, a ação da Petrobrás foi prejudicada por intervenções do governo federal na estratégia de negócios da empresa. "A decisão de não repassar o aumento de custos no preço da gasolina, por exemplo, afetou a rentabilidade da Petrobrás", disse o consultor.
Valorização. Apesar de a economia brasileira ter desacelerado no ano passado e ter crescido, provavelmente, apenas 1%, as 302 empresas listadas na BM&FBovespa fecharam 2012 valendo mais. As companhias abertas somaram valor de mercado de R$ 2,39 trilhões no fim do ano passado, uma valorização de 12,34%, segundo a Economática.
Os setores com maior adição de valor de mercado em 2012, em números absolutos, são o de alimentos e bebidas (R$ 93,9 bilhões), comércio (R$ 39,9 bilhões), bancos (R$ 33 bilhões) e serviços de transporte (R$ 19,5 bilhões).
"As empresas que dependem do consumo interno, principalmente de bens não duráveis, ainda encontraram um espaço para crescer em 2012 no Brasil", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
Gonçalves explica, no entanto, que a valorização em bolsa não reflete necessariamente o resultado das empresas no ano passado. "A bolsa brasileira se valorizou muito nos três primeiros meses do ano passado e mudou de patamar. Depois oscilou, mas já estava em um patamar mais alto e fechou o ano com valorização", explicou.
"Mas, em geral, as grandes empresas foram mal em 2012", disse o economista. Apenas no terceiro trimestre, o lucro das companhias abertas brasileiras caiu 8,6% ante igual período de 2011, segundo dados da Economática.
Em baixa. Somente dois segmentos registraram redução de valor de mercado no ano passado: petróleo e gás, quer perdeu R$ 68,9 bilhões, o equivalente a 19,7% do que valia no fim de 2011, e energia elétrica, que viu seu valor derreter 17%, uma baixa de R$ 36 bilhões.
O ranking da Economática das dez empresas que mais perderam valor no ano passado aponta que sete delas pertencem a esses setores (veja acima).
Depois da Petrobrás, a empresa que mais perdeu valor foi a OGX, do empresário Eike Batista. Em julho, a companhia divulgou resultados operacionais abaixo das estimativas, o que provocou uma queda expressiva nos papéis da empresa.
Já a queda no valor das empresas de energia reflete as regras para renovação dos contratos de concessão das hidrelétricas. O mercado considerou que o novo preço estabelecido reduzia a rentabilidade das empresas.
Veículo: O Estado de S.Paulo