A Anheuser-Busch InBev propôs uma série de concessões, num esforço para convencer as autoridades reguladoras americanas a aprovar sua oferta de US$ 20 bilhões pelo controle integral da cervejaria mexicana Grupo Modelo.
A AB InBev, a maior cervejaria mundial, se ofereceu para vender uma cervejaria de alta tecnologia operada no México e abrir mão de seus direitos perpétuos sobre as marcas de cerveja Corona e Modelo nos Estados Unidos. A oferta ocorre em resposta ao processo movido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos para evitar a tomada de controle, por motivos de caráter antitruste.
A iniciativa dirime as maiores preocupações levantadas pelo governo americano. Prevê-se que ele formule um acordo judicial, dando seu aval ao negócio. "[As concessões] certamente estão fazendo o negócio ser visto de maneira muito mais positiva", disse o analista Dir Van Vlaanderen, da Jefferies International de Londres. "Acho que atendem praticamente todas as preocupações do Departamento de Justiça."
Segundo uma pessoa próxima à cervejaria, sediada na Bélgica, a AB InBev negociou estreitamente o acordo com o órgão regulador americano a portas fechadas. "Eles não teriam feito o anúncio sem o beneplácito do Departamento de Justiça", disse a fonte.
O órgão regulador pôs em dúvida, no mês passado, a realização de um dos maiores negócios transnacionais de 2012, ao argumentar que a aquisição, pela AB InBev, da participação de 50% que ainda não detinha na Modelo, levaria a aumentos de preços, prejudicaria os consumidores e comprometeria a livre concorrência.
A Bud Light, da AB InBev, é a cerveja mais vendida nos Estados Unidos e a Corona Extra, da Modelo, é a cerveja importada mais consumida. Uma combinação entre as duas companhias resultará no controle de 46% do mercado cervejeiro americano, que movimenta US$ 80 bilhões anuais.
A AB InBev, com ações registradas em Bruxelas, disse ontem que venderá sua cervejaria Piedras Negras e alienará os direitos, nos Estados Unidos, às marcas Corona e Modelo para a empresa de vinhos Constellation Brands, por US$ 2,9 bilhões. A companhia belga tinha resistido anteriormente em vender a unidade de engarrafamento de alta tecnologia, instalada perto da fronteira com o Texas.
A AB InBev pretende ainda vender a participação de 50% detida pela Modelo na Crown Imports, sua joint-venture americana, à Constellation, por US$ 1,85 bilhão.
"A venda da cervejaria garantirá à Crown independência de abastecimento e dotará a Constellation de controle total da produção das marcas da Modelo para comercialização e distribuição nos Estados Unidos", informou a AB InBev.
Mesmo com a venda da cervejaria dotada de tecnologia de ponta, analistas argumentaram que o negócio continuava a fazer sentido, uma vez que ajudará a AB Inbev a ingressar no lucrativo e pouco explorado mercado mexicano. "Para nós, o lado positivo desse negócio sempre disse respeito, principalmente, ao mercado interno do México e, em certa medida, às exportações fora dos Estados Unidos", disse Trevor Stirling, analista da Sanford Bernstein.
Veículo: Valor Econômico