SÃO PAULO - Em 2008, os espumantes brasileiros se consolidaram no mercado nacional diante dos concorrentes importados, alcançando 80% das vendas. Algumas empresas como a Casa Valduga viram suas exportações crescerem 237%. "Isso se deve ao alcance do padrão internacional, que tem repercussão no mercado interno", afirmou Juciane Casagrande, diretora comercial da empresa, que produz um milhão de garrafas por ano - sendo que 40% são espumantes.
A fabricante espera fechar o ano de 2008 com um crescimento total de 15%.
Só na categoria espumantes, o crescimento será de 20%. Para a Casa Valduga, os meses de outubro a dezembro representam 40% das vendas. "Os outros 60% estão espalhados durante o resto do ano, o que mostra um equilíbrio devido à movimentação do perfil de consumo e hábito de consumo", disse Casagrande
De acordo com ela, o brasileiro começou a entender um pouco mais de vinho e, com isso passou a reconhecer a qualidade do produto nacional.
Neste mesmo raciocínio, Allen Guerra, da Vinícola Aurora, afirma que isso se deu devido à identificação da boa relação custo- beneficio que o produto nacional apresenta. "Até setembro vínhamos com 73% de participação brasileira em espumantes e nessa mesma época, no ano passado, estávamos com 67%", afirmou Allen Guerra, diretor comercial da Vinícola Aurora. "Acreditamos que no final deste ano podemos chegar a 80%", completou.
De acordo com Guerra, há 10 anos a participação brasileira no segmento representava 45% do mercado.
Ao contrário do que em outros setores industriais, para o mercado de vinhos, a alta do dólar - ocorrida com a chegada da crise financeira internacional -, colaborou para que as importações do setor diminuíssem e o consumo de produtos nacionais aumentasse ainda mais. "Nossa economia já estava caminhando em passos largos, mas ainda tínhamos uma situação onde o dólar favorecia as importações. Com a mudança do comportamento do câmbio, a partir de outubro tivemos uma redução importante da participação de importados, principalmente na categoria espumantes", explicou Allen Guerra.
Diante disso, o período de festas de fim de ano deixou de representar a grande alta das vendas do setor. "Hoje, o crescimento do consumo no final de ano, devido às festas natalinas, existe mas é menos acentuado. Há um movimento de estabilização", explicou Allen Guerra.
A categoria de espumantes deve ter um crescimento de 20% em relação ao ano passado no que diz respeito à produção total da Vinícola Aurora. Atualmente, a fabricante vende R$ 36 milhões por ano e detém 12% do market share. Para 2009 a Aurora planeja um crescimento de 7%. Em 2008 o crescimento alcançado foi de 6%, registrando um faturamento de R$ 158 milhões ante os R$ 145 milhões faturados em 2007. "Também planejamos importantes lançamentos para o ano que vem", revelou Allen Guerra.
Produção maior
O mercado de espumante nacional saltou de 4,25 milhões de litros em 2002 para 8,55 milhões de litros em 2007. De janeiro a novembro de 2008, foram vendidos 8,035 milhões de litros. O volume do ano deve encostar em 10 milhões de litros, calcula o diretor executivo do Instituto Brasileiro de Vinhos (Ibravin), Carlos Paviani, prevendo novo crescimento de 10% em 2009. A flexibilidade de consumo com qualquer clima e a imagem associada à celebração ajudam a explicar parte do apelo do espumante, avaliam as indústrias. O lançamento de garrafas com formato menor, presença em bares e a abertura de casas especializadas também expandiram o consumo para além das tradicionais festas de final de ano. "O produto tem leveza e frescor, combina com o estilo do brasileiro", relaciona o diretor de vendas da Miolo Wine Group, Márcio Bonilha, que vai fechar 2008 com aumento de 20% na comercialização e prevê repetir o número em 2009. No ano passado, 72% das vendas no Brasil foram de produtos nacionais, enquanto os importados representaram 27%. Conforme dados do Ibravin, a venda da bebida nacional cresce desde 2003. Em 2007, a procura por importados caiu 29%, gerando um recuo de 3,5% no volume total (importados e nacionais) comercializado, apesar da expansão de 11% na demanda por espumante produzido no Brasil. No final do ano, as vendas são movidas pelo varejo e eventos. O comércio em casas especializadas e champanharias vem a seguir na distribuição da bebida, afirma o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti. As chamadas champanharias já não são mais novidade e várias cidades ganharam casas do gênero, nas quais a bebida é o principal destaque ou que se dedicam apenas a ela.
Outras categorias
Depois do carnaval - até quando os espumantes ainda são principais responsáveis pelas vendas do setor -, a expectativa dos fabricantes passa a ser a Páscoa: "Já estamos pensando nos vinhos, que também esperamos crescimento de espaço frente aos importados". Além dele, o suco de uva tem bem é outra grande expectativa do setor. "Esse mercado vem uma alta muito forte nos últimos anos", afirma Allen Guerra, diretor comercial da Vinícola Aurora. Atualmente, a categoria de sucos detém 30% do mercado de sucos no Brasil, seguido pelos sabores pêssego e laranja.
Veículo: DCI Online