A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) anunciou ontem que seus conselhos fiscal e de administração aprovaram a proposta de incorporação de ações na operação de reestruturação da empresa. Com a reestruturação acionária, a companhia terá apenas ações ordinárias, que serão incorporadas pela Ambev S.A.
O estatuto social da Ambev S.A. será idêntico ao estatuto social da atual companhia, exceto quanto ao dividendo obrigatório, que passará de 35% para 40% do lucro líquido ajustado, e à composição do conselho de administração, que terá dois membros independentes.
A Ambev S.A. terá em seu patrimônio, quando da incorporação, ações de emissão da companhia bem como caixa e outros ativos e passivos, que, por serem praticamente equivalentes entre si, não terão impacto na relação de substituição na operação.
Cada ação da companhia, seja ela ordinária ou preferencial, ou ADR representativo de ação, dará direito ao recebimento por parte de seu titular de cinco ações ordinárias de emissão da Ambev S.A. ou cinco ADRs da Ambev S.A. Consequentemente, após a incorporação os atuais acionistas serão titulares da mesma proporção de ações na Ambev S.A. de que eram titulares anteriormente.
Para analistas do BTG Pactual, com a reestruturação societária da Ambev, parte do quebra-cabeça financeiro da empresa começa a ser esclarecido. O processo de reorganização societária foi anunciado em dezembro.
Segundo relatório do BTG Pactual, os termos da transação assumem que a nova AmBev (chamada AmBev SA) vai incorporar a AmBev "velha" e aumentar o capital total. Em relatório, o BTG diz que não está claro se a "nova" AmBev terá capital total de R $ 127 bilhões (os atuais R $ 30 bilhões, mais R $ 97 bilhões gerados na incorporação da "velha" AmBev) ou R $ 97 bilhões (atuais R$ 30 bilhões, mais R$ 67 bilhões gerados na incorporação da "velha" AmBev).
"Em nossos cálculos, considerando que haverá aumento de capital em R $ 97 bilhões, a empresa vai aumentar sua capacidade de pagamento de juros sobre capital próprio em R$ 5 bilhões por ano, usando uma taxa de benefício fiscal de 34%, o que equivale a poupança fiscal de R$ 1,7 bilhão por ano. Este é o lado positivo para o valor justo do ativo hoje. Esperamos que os investidores recebam bem a notícia", diz o BTG.
Apesar da percepção positiva, os analistas do banco Thiago Duarte, Fábio Monteiro e Enrico Grimaldi mantêm classificação neutra para os papéis da cervejaria por considerarem que as ações já vinham com desempenho alto desde os resultados divulgados no primeiro trimestre.
Veículo: Valor Econômico