Produção de vinhos desponta em Minas

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No segundo semestre deste ano, produtores mineiros vão lançar três novas marcas de vinhos finos, sendo um deles o primeiro espumante fabricado no Estado. As novas marcas vão se juntar ao rótulo Primeira Estrada, lançado em 2011 em caráter pioneiro em Minas, adotando a tecnologia de dupla poda de videiras desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig). Nos próximos dois anos, a produção anual de vinhos finos no estado deverá chegar a 500 mil litros. A previsão é que, neste período, cinco empresas mineiras lancem novas marcas.

As previsões são da Epamig que, desde 2005, intensifica as pesquisas para o incremento da produção de uvas de qualidade superior. Criado pelo governo do Estado, o objetivo do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da instituição é se transformar em um centro de referência no desenvolvimento tecnológico e capacitação de mão de obra especializada para atender a demanda da vitivinicultura, tanto em Minas Gerais como em outros estados do Sudeste com aptidão para a fabricação de vinhos finos.

Atualmente, estão em fase de validação três marcas de espumantes fabricados em Andradas, Caldas e Dinolândia (SP) - Villa Mosconi, Casa Verrone e Primeira Estrada Brut, respectivamente - que, brevemente, estarão disponíveis para comercialização. As marcas estão em processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Outras duas marcas de vinhos finos, produzidos em Cordislândia, no Sul do Estado e no município de Espírito Santo do Pinhal (SP), também estão no processo por parte de empresas privadas. A tramitação para validação dos rótulos leva, em média, oito meses.

A enóloga da Epamig Maritê Carlin Dal’Ostu atesta que Minas Gerais tem um grande potencial vinícola a ser explorado e, a partir do próximo ano, deverá observar um aumento considerável de lançamentos de novas marcas de vinhos finos, entre eles espumantes. "As perspectivas levam em conta os bons resultados que vem sendo alcançados por pesquisas implementadas pela Epamig em parceria com produtores rurais e empresários", atesta a enóloga.

Segundo Maritê, os municípios mineiros de Baependi, Andradas, Varginha, Três Corações, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas e São Sebastião do Paraíso são os que já apresentam resultados promissores na exploração da vitivinicultura.


Diferencial - O empresário Rodrigo Carrara Peixoto, de Santo Antônio do Amparo, no Sul de Minas, se prepara para lançar neste ano o "Insólito", vinho tinto seco produzido a partir do cultivo de uvas da variedade Syrah.

O processo de registro no Ministério da Agricultura já está em andamento.

"Temos condições de fabricar um produto sem similar no mundo, originário de safra de outono/inverno o que garante uma qualidade superior", confirma o empresário. "O trabalho executado pela Epamig com o desenvolvimento de tecnologia que possibilita ao produtor rural colher uva no período outono/inverno foi de fundamental importância para dar um diferencial fantástico de qualidade à produção de vinhos finos no estado", complementa Rodrigo Peixoto.

Ele revela que a produção inicial de 4 mil garrafas será comercializada em estabelecimentos de Belo Horizonte, levando-se em conta as potencialidades do mercado consumidor da região.

A tecnologia da Epamig a que Rodrigo se refere, que vem animando produtores rurais e empresários do ramo, é a dupla poda de videiras nos meses de janeiro e agosto. Tal procedimento, desenvolvido de forma pioneira pelo pesquisador e coordenador do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho, Murillo de Albuquerque Regina, implica a inversão do ciclo produtivo da videira, alterando para o inverno o período de colheita, ao contrário do que tradicionalmente é feito.

"A videira Syrah mostrou-se mais produtiva neste sistema em função das temperaturas mais baixas e da menor disponibilidade hídrica. Todos os fatores foram superiores, mostrando maior concentração de açúcares, menor acidez, maior teor de antocianimas e de polifenóis, aspectos preponderantes para a obtenção de vinho fino de qualidade", atesta o agrônomo.

Segundo Murillo, é possível explorar uma ampla gama de potencialidades enológicas dentro de Minas Gerais, incluindo, ainda a produção de uvas próprias para vinhos de mesa, vinhos brancos e espumantes. Nas regiões Sul e Sudoeste do Estado, os trabalhos contemplam os municípios de Três Corações, Cordislândia e Caldas. Na região Noroeste, o município de João Pinheiro já possui ações nesta área. Já no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, Pirapora e Diamantina começam a desenvolver a atividade.

Além disso, atualmente, na região da Serra da Mantiqueira, 20 produtores rurais estão desenvolvendo projetos similares. Eles cultivam videiras das variedades Syrah, para vinhos tintos, e Sauvignon Blanc, para vinhos brancos. Também estão sendo cultivadas as variedades Chardonnay e Pinot Noir para produção de espumantes.

O próprio Núcleo Tecnológico Uva e Vinho, da Epamig, conta com uma vinícola onde, em caráter experimental, vêm sendo processadas uvas produzidas nos municípios de Caldas, Andradas e Divinolândia (SP).



Veículo: Diário do Comércio - MG


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