Quando Morgana Miolo começou a fazer negócios na China, dois anos atrás, a brasileira se surpreendeu com as diferenças culturais na segunda maior economia mundial. "Os chineses fecham negócios com a pessoa mais importante da mesa erguendo um brinde, com o copo acima dos demais", diz a empresária gaúcha.
Mais incomum que os hábitos de negócios dos chineses, porém, era o produto que Miolo estava vendendo. Vinda de um país mais conhecido dos chineses por seu talento nos gramados de futebol, Miolo, herdeira de quarta geração de uma família de vinicultores do Rio Grande do Sul, estava em Xangai para estabelecer um mercado para os vinhos Miolo.
O esforço dela é parte de uma campanha mais ampla para promover exportações de produtos de valor adicionado, a fim de reduzir a dependência brasileira quanto a matérias-primas não processadas e commodities, especialmente com a China, maior parceira comercial do país. "Surgem análises que falam de uma complementaridade entre as economias da China e do Brasil, mas queremos ir além da complementaridade; não queremos apenas vender commodities e importar bens industrializados", disse o ministro do Exterior brasileiro, Antonio Patriota, ao "Financial Times".
Hoje, a companhia detém 40% do mercado brasileiro de vinhos finos e 15% do mercado brasileiro de espumantes. A Miolo produz 12 milhões de litros ao ano e exporta para 20 países. Seu faturamento subiu de R$ 1 milhão no ano de 2000 a R$ 100 milhões em 2010.
A despeito dos esforços, o Brasil e a Miolo continuam a vender apenas uma fração para o exterior. O Reino Unido é o maior mercado da Miolo, seguido pela China, onde a vinícola vende 7.000 caixas anuais --ante praticamente zero há dois anos atrás.
Veículo: Folha de S. Paulo