Os bancos Credit Suisse, ING e HSBC querem provar na Justiça que a Cervejaria Petrópolis se tornou controladora da processadora de soja Imcopa, depois que as duas empresas firmaram uma parceria em 2009. Se for comprovada a formação de uma sociedade entre as companhias, a Petrópolis teria que assumir o passivo de R$ 1 bilhão da Imcopa, que pediu recuperação judicial este ano.
Os bancos são credores da Imcopa e, juntos, querem receber um total de R$ 530 milhões devidos pela empresa. A disputa judicial foi informada na edição de ontem do jornal "O Estado de S. Paulo".
A Petrópolis afirmou ao Valor, por e-mail, que "não tem relação de sociedade na Imcopa nem interesse em adquirir seus ativos".
Segundo os autos da ação movida pelo Credit Suisse e ING, a suposta sociedade entre Petrópolis e Imcopa estaria configurada no fato de a cervejaria ter assumido o controle das duas únicas unidades operacionais da processadora, em Araucária e Cambé, ambas no Paraná. Os bancos são representados pelo escritório de advocacia Sérgio Bermudes.
A Petrópolis, por sua vez, argumenta que se trata de uma terceirização. "As empresas possuem um acordo para a industrialização por encomenda de soja que gera produtos finais que são comercializados pela Petrópolis".
O Valor apurou que o acordo entre as empresas gera créditos fiscais de PIS e Cofins de cerca de R$ 100 milhões ao ano para a Petrópolis. A cervejaria não confirma o montante, por se tratar de uma "informação estratégica".
Uma vez que exporta a maior parte da sua produção, a Imcopa não conseguia, sozinha, compensar os créditos fiscais. A Petrópolis foi atraída pela possibilidade de se apropriar desses créditos.
A distribuição de resultados entre Petrópolis e Imcopa não está clara, de acordo com o texto da ação judicial. Segundo os bancos, a parceria estaria gerando uma "sangria financeira" na Imcopa. "Graças a essa estratégia, nenhum dos credores da Imcopa recebeu, até agora, quantia suficiente para quitar sequer os juros devidos."
A Petrópolis afirma que, graças ao acordo, a Imcopa conseguiu honrar cerca de R$ 100 milhões em dívidas com os bancos. Em vigor desde janeiro de 2010, o contrato tem duração de cinco anos, com opção de renovação por mais cinco ou pelo prazo necessário para liquidação do passivo da Imcopa.
Veículo: Valor Econômico