A previsão da safra 2013/14 de café do Brasil foi revisada para baixo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2,2 milhões de sacas, frente ao levantamento de junho. Agora, o IBGE estima que serão produzidas 47,5 milhões de sacas de 60 kg, volume 7% inferior ao colhido no ciclo cafeeiro 2012/13. A principal quebra (de 17%) ocorreu na safra da variedade robusta devido às condições climáticas desfavoráveis no Espírito Santo. Para o grão arábica, a redução será de 4,9%, resultante da bienalidade.
Os embarques de café do Brasil na temporada 2012/13, que se encerrou em junho, totalizaram 31,1 milhões de sacas, 3,2% superiores em volume, mas 24% menores em receita no comparativo com o resultado da safra anterior, segundo o Informe Estatístico do Café, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) projeta, para a safra 2013/14 - que teve início neste mês -, exportações de 32,5 milhões de sacas, ou 6% a mais do que o ciclo anterior. Esse número, somado a um consumo nacional próximo a 21 milhões de sacas, demonstra que a demanda pelo café brasileiro poderá superar em quase 6 milhões de sacas a produção na temporada 2013/14, contradizendo as especulações sobre excesso de oferta.
Com vistas nesses fundamentos, o Conselho Nacional do Café (CNC) acredita que se faz mais que necessária a implementação de instrumentos de mercado que permitam o melhor ordenamento da colheita, a qual deve ser comercializada ao longo de todo o ano safra, de forma que não se pressione ainda mais os preços aviltados somente nestes quatro meses de colheita, e que, conseqüentemente, possibilitem a recuperação da competitividade do produtor brasileiro de café.
Nesse ínterim, na quarta-feira passada, mantivemos reuniões com o governo federal para que sejam definidas quais ferramentas de mercado - ou o conjunto delas - são as mais adequadas para que o setor de produção do café não seja ainda mais prejudicado por este cenário de preços completamente abaixo das cotações apresentadas para a comercialização. Reiteramos a necessidade da adoção de medidas emergenciais ao setor, haja vista que aproximadamente 40% da safra já foram colhidos e os produtores não puderam tomar os recursos das linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) em função de atrasos na definição e nos repasses aos agentes financeiros.
A revisão para baixo das perspectivas de crescimento da economia mundial pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a divulgação dos dados fracos de comércio mundial da China e o novo pronunciamento do Fed (banco central dos Estados Unidos) afetaram o desempenho do mercado financeiro no mundo. Em meio a esse contexto, os futuros do café apresentaram comportamento divergente para as variedades arábica e robusta, permanecendo praticamente estável na primeira e registrando ganhos na segunda, até o fechamento de quinta-feira passada.
No relatório sobre as Perspectivas da Economia Mundial, lançado nesta semana, o FMI evidencia que o mundo crescerá mais lentamente do que o esperado, principalmente devido aos riscos maiores enfrentados pelas economias dos países emergentes. O relatório do Fundo também projeta crescimento de 2,7% para os Estados Unidos. Embora essa taxa seja inferior à prevista em abril (de 2,9%), ela consolidou as perspectivas de recuperação e as tendências de alta da taxa de juros norte-americana, um dos fatores do aumento de risco para os emergentes.
Na China, as exportações e importações do mês de junho recuaram 3,1% e 0,7%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2012, reforçando a hipótese de esfriamento da segunda economia mundial.
Por fim, a divulgação da ata do Fed sobre a reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, em inglês) provocou nova alta do dólar no Brasil, mesmo com predominância de cautela quanto à extinção do programa de recompra de títulos e dissociando-o do início do processo de elevação dos juros nos Estados Unidos. Internamente, apesar de o Banco Central ter intervido por meio de leilão de swap cambial, a moeda americana atingiu o maior valor desde abril de 2009, na quarta-feira passada, com a cotação média de R$ 2,269. A desvalorização do real tem impacto negativo nas cotações do café arábica na bolsa de Nova York, pois soa como estímulo às exportações.
O vencimento setembro do Contrato C da ICE Futures US encerrou a quinta-feira em patamares próximos ao do início da semana, a US$ 1,2340 por libra-peso. Analistas avaliam que a recuperação de quinta-feira, após a perda de 180 pontos nos dois dias anteriores, foi influenciada pelas negociações de quarta-feira, entre o setor produtivo e o governo brasileiro, para o iminente lançamento de instrumentos de garantia de renda e ordenamento de oferta.
Os players reconhecem que, no passado, o programa de opção de venda de café para o governo teve impacto positivo no mercado e antecipam esse resultado. Porém, a recuperação foi tímida e inconsistente com o quadro de oferta e demanda de café que pode ser desenhado a partir das últimas estatísticas divulgadas na semana.
As cotações do mercado futuro do café robusta, na bolsa de Londres, apresentaram recuperação na semana. O vencimento setembro do contrato 409 teve alta acumulada de 4%, até o fechamento da quinta-feira, refletindo a resistência dos produtores vietnamitas, que seguram as vendas e forçam os exportadores a pagarem prêmios elevados por seu produto.
Com o início do Ramadã (mês sagrado para os muçulmanos), em 9 de julho, as vendas de café da Indonésia perderam força, contribuindo para a elevação das cotações do conilon. A recuperação dos preços também foi favorecida pela redução das posições líquidas vendidas dos investidores no mercado futuro de café da Euronext Liffe.
Veículo: Diário do Comércio - MG