Produtor de leite tem melhor renda desde outubro de 2007

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A combinação de um forte aumento no consumo e de um dos menores volumes de leite produzidos e captados pelas indústrias tornou o mês de junho o melhor para os pecuaristas de gado leiteiro desde outubro de 2007. A média do preço pago ao produtor por litro de leite alcançou R$ 1,0178 no mês passado, contra R$ 0,9854 no mês anterior. Em outubro de 2007, o preço era de R$ 1,0293, de acordo com valores deflacionados pelo IPCA de março. 

"Quem continua na atividade está mais animado com esse preço", afirma Jonadan Ma, vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. 

 

 

O novo patamar de preços tem permitido ao produtor recompor perdas de outras épocas e ainda planejar investimentos. No caso de Jonadan, que possui uma fazenda em Uberaba (MG) com 190 cabeças de gado leiteiro, o novo preço torna mais concreto seu plano de comprar novas reses. Sua meta é ter 500 animais em até cinco anos. Atualmente, suas vacas têm uma produção diária de 5 mil litros, que pode aumentar para 6,5 mil litros até setembro. 

 

Os produtores de Minas Gerais, como Jonadan, foram os que mais se beneficiaram desse novo patamar de preços no mercado leiteiro. A cada litro de leite vendido, os produtores mineiros receberam R$ 1,0385. O valor foi o segundo maior registrado pelo Cepea. O maior preço foi anotado em Goiás, onde cada produtor recebeu no mês passado R$ 1,0772 por litro vendido. 

 

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Leite, a Leite Brasil, Minas Gerais é hoje o maior produtor de leite do País, com uma média de 8,756 bilhões de litros por ano, seguido do Rio Grande do Sul, com 3,879 bilhões de litros ao ano, e do Paraná, com 3,815 bilhões de litros anuais. Goiás aparece em quarto lugar no ranking nacional de produção, com 3,482 bilhões de litros. 

 

A onda positiva para os produ tores é reflexo direto da queda da captação da indústria, que no primeiro trimestre captou 1,4% menos com relação ao mesmo período do ano passado. 

 

A quebra da produção leiteira da Nova Zelândia, maior produtor mundial de lácteos, dos Estados Unidos e da Europa também influenciaram no mercado. 

Já para a associação do setor, o aumento do consumo é o maior responsável pelo novo patamar de preços tanto para o produtor como para o consumidor."O que move o preço do leite é o consumo, que de uns tempos para cá aumentou significativamente. Há uma década, o consumo era de 90 litros per capita. Hoje é de 180 litros per capita", observa o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez. 

 

Custos altos 

 

Porém, os produtores afirmam que seu lucro não aumentou muito, já que os custos também estão maiores. "A margem não é tão grande como poderia ser, mas está melhor que nos anos passados", afirma Jonadan. 

 

Para os pecuaristas que trabalham com gado em pastagens, o custo tem variado entre R$ 0,60 a R$ 0,65. Já para quem trabalha com confinamento, o custo oscila entre R$ 0,85 e R$ 0,90. 

 

De acordo com Rubez, o maior peso sobre os custos de produção vem da mão de obra, que representa 40% dos custos do produtor. A alta do frete também tem pesado na cadeia e já representa 15% dos custos. Entram também na conta os custos com ração, medicamentos, energia elétrica, manutenção, entre outros. 

 

Perspectiva 

 

Os altos preços para o produtor devem se manter ao menos até setembro, quando as precipitações voltam com mais frequência e permitem que o gado leiteiro tenha mais pastagem. Segundo Jonadan, com a quebra de safra em outros mercados produtores, "a tendência é o preço continuar firme neste ano". 

 

"Não creio que fique abaixo de R$ 1,08, mas também pode subir muito pouco", avalia Jorge Rubez, da Leite Brasil. 

 

 

 

Veículo: DCI

 

 

 

 

 


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