Com nova estrutura, Solar vai buscar mais rentabilidade

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Formada a partir da fusão entre Norsa, Renosa e Guararapes, a Solar, engarrafadora de Coca-Cola, começa a operar a partir de hoje com nova estrutura organizacional. Sob o comando de Marcelo Izzo, executivo recém-contratado para o cargo de presidente, a companhia vai buscar rentabilidade maior e tem a ambição de dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, alcançando faturamento de R$ 10 bilhões.

Anunciada no fim do ano passado e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em janeiro, a transação originou a segunda maior franquia da Coca-Cola no Brasil e uma das 15 maiores do mundo, com um portfólio que reúne refrigerante, sucos, água, energéticos e chá. Os sócios da Solar são a própria Coca-Cola Company - que sozinha tem 44% do capital -, e as famílias fundadoras da Renosa e da Norsa (do Grupo Jereissati), donas da fatia restante.

Com faturamento de R$ 5 bilhões em 2012, produção de mais de 2 bilhões de litros de bebida ao ano e público consumidor estimado em 70 milhões de pessoas, a Solar está atrás apenas da mexicana Coca-Cola Femsa em tamanho no país. A Femsa firmou liderança após comprar a Companhia Fluminense de Refrigerantes (CiaFlu) no mês passado, por quase R$ 1 bilhão. Sem a CiaFlu, a Femsa teve faturamento de US$ 2,4 bilhões em 2012 - bastante próximo ao da Solar no Brasil no ano passado.

Aos 44 anos, formado em comunicação social, Izzo estava à frente das operações da British American Tobacco (BAT) na região que engloba Espanha e Portugal quando foi convidado a assumir a presidência da Solar. Antes disso, trabalhou na multinacional de alimentos americana Kraft Foods, atual Mondelez. Ele volta ao Brasil depois de sete anos no exterior.

Desde a semana passada, quando entrou oficialmente na Solar, Izzo elabora o plano estratégico da empresa para os próximos anos. Ele prevê aumentar a rentabilidade entre 4% e 6% em dois a três anos, a partir da captura de sinergias da fusão. As áreas logística e industrial, segundo o executivo, concentram 80% das sinergias previstas na união das empresas.

A Solar opera em 12 Estados, que incluem toda a Região Nordeste, Mato Grosso e partes de Tocantins e Goiás. A companhia tem 15 mil funcionários, 13 fábricas e 34 centros de distribuição.

Izzo ainda não tem definido quais metas de crescimento serão estipuladas para a Solar este ano. Os objetivos só serão alinhados na primeira reunião de conselho da companhia, no próximo mês. O novo órgão é composto por sete membros: três da Coca-Cola Company, dois da família fundadora da Renosa e dois da Norsa.

Pela região em que está localizada, a Solar tem boas perspectivas de crescimento, mesmo considerando o cenário de desaceleração do consumo que se desenhou no país, disse Izzo. Segundo o executivo, a Solar é uma companhia capitalizada o suficiente para fazer frente aos investimentos necessários daqui para frente.

Para Izzo, a meta de crescer 100% no prazo de cinco anos é viável apenas com expansão orgânica. Aquisições, por enquanto, não são prioridade da companhia, afirmou o executivo. "O Nordeste tem crescido em ritmo mais acelerado que o resto do país. Se a desaceleração chegar aqui, será em menores proporções", afirmou. Nas regiões em que atua, a Solar estima participação de 63% do mercado.

Se já estivesse formada em 2012, a Solar teria apresentado crescimento de 4% no volume de litros produzidos em relação a um ano antes. No primeiro trimestre deste ano, a alta foi de 7% em relação a um ano antes, disse Izzo. Com sede em Fortaleza, a Solar passa a operar com quatro regionais. A Norte será dirigida por Bernardo Legey e a Sul por Nilson Tagliari. Os executivos Luiz Collier e Luiz Rodrigues ficarão a cargo das regionais Leste e Centro-Oeste, respectivamente.

Suntory avalia aquisições no Brasil

A japonesa Suntory Beverage & Food se prepara para gastar ao menos 500 bilhões de ienes, ou cerca de US$ 4,9 bilhões, em aquisições ao redor do mundo, segundo o presidente da companhia, Nobuhiro Torii. A ideia é utilizar parte dos recursos da oferta pública inicial de ações da semana passada, além de empréstimos bancários.

O executivo disse ontem que regiões como a África, América Latina e Oriente Médio são as mais atrativas. Ele acrescentou que sua equipe de especialistas em fusões e aquisições já visitaram o Brasil e pretendem ir à África para pesquisar potenciais alvos.

"Acredito que vamos conseguir alocar pelo menos 500 bilhões de ienes sem nos preocupar muito quanto ao nosso perfil de crédito", afirmou Torii.

O grupo, que engarrafa e distribui produtos da PepsiCo no Japão e controla a Orangina Schweppes, montou uma equipe de fusões e aquisições em janeiro, comandada por um ex-banqueiro do Merrill Lynch. A companhia desenvolveu um apetite por operações do tipo no Sudeste Asiático, tentando capturar o crescimento da região.

Torii disse ainda que cerca de dez bancos de investimentos entraram em contato sobre a possível compra da divisão de bebidas da GlaxoSmithKline, por exemplo, que inclui as marcas Lucozade e Ribena. "São boas marcas", comentou, sem revelar se tem interesse ou não nos ativos da britânica.

Segundo o executivo, um dos elogios que a empresa recebeu durante o processo de IPO foi referente à boa política de fusões e aquisições. Mas investidores estrangeiros se mostraram preocupados com transações futuras, nas quais o grupo pode pagar um prêmio alto demais.



Veículo: Valor Econômico


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