Cocatrel pede apoio do governo federal para evitar o colapso no setor.
A redução significativa dos preços do café registrada ao longo dos últimos 12 meses tem agravado a situação dos cafeicultores de Minas Gerais, que vêm enfrentando o aumento dos custos e o acúmulo de prejuízos. A saca de 60 quilos, que atualmente está cotada entre R$ 260 e R$ 290, deveria ser comercializada pelo menos a R$ 370, valor que seria suficiente para cobrir os custos de produção e gerar margem aos produtores.
De acordo com o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), no Sul do Estado, Francisco Miranda de Figueiredo Filho, a situação do setor é crítica e as principais conseqüências da queda nos preços é o aumento do desemprego e a redução nos tratos culturais, o que pode interferir de forma negativa nas próximas safras.
"Estamos em uma crise grave e sem perspectivas de melhora. Precisamos do apoio do governo para que os problemas sejam resolvidos e até o momento não houve sinalização de que algo concreto será feito. O governo precisa lembrar que o café é responsável pela geração de milhares de empregos e também é o principal produto da economia de diversos municípios", disse Figueiredo.
De acordo com dados levantados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a safra brasileira de café 2012/13 finalizou oficialmente no mês passado, marcada por preços bem inferiores aos da temporada anterior. De julho de 2012 a junho de 2013, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 teve média de R$ 340,83 por saca de 60 quilos, valor 24% abaixo da verificada em 2011/12.
Em dólar, a queda foi ainda mais expressiva, de 33%, com o indicador a US$ 167,31 por saca. Ao longo dos 12 meses, o preço interno do grão recuou expressivos R$ 105 por saca ou 27%. O movimento acompanhou as retrações do mercado internacional. Segundo pesquisadores do Cepea, os sucessivos recuos ocorreram devido ao volume recorde colhido no Brasil em 2012/13, seguido de anúncios de produção também recorde para anos de bienalidade negativa agora em 2013/14.
Segundo o Cepea, o movimento de desvalorização do arábica começou em setembro de 2011 e desde março deste ano, os preços estão abaixo do novo preço mínimo definido pelo governo federal, que é R$ 307 por saca.
Manifestações - Diante de um mercado desfavorável, os produtores da região de Três Pontas estão se organizando e promovendo manifestações para chamar a atenção das autoridades federais. A primeira iniciativa do movimento "Acorda Cafeicultura" ocorreu na última quinta-feira e outras manifestações devem ser feitas ao longo dos próximos dias. O movimento contou com a participação de produtores de café, representantes de cooperativas, comerciantes, trabalhadores da cultura do café, dentre outros.
Os manifestantes fizeram passeata pelas ruas e fecharam as principais rodovias de acesso ao município. Segundo Figueiredo Filho, o objetivo principal foi tentar sensibilizar a sociedade e os governantes sobre a situação difícil em que a cafeicultura se encontra e que, se não houver interferência, poderá comprometer cerca de 8 milhões de empregos diretos e indiretos.
Ainda segundo o presidente da Cocatrel, em pleno período de colheita, os produtores estão enfrentando dificuldades em relação aos altos custos com a mão de obra, que no geral representa cerca de 40% do custo total da produção. A saca de 60 quilos sai para o cafeicultor em torno de R$ 350, enquanto o preço pago pelo mercado está oscilando em torno de R$ 290.
Veículo: Diário do Comércio - MG