Ao longo da semana, na segunda e na quarta-feira, demos seqüência às audiências com os representantes das áreas agrícola e econômica do governo federal, com o intuito de consolidarmos o melhor modelo operacional para a implementação de instrumentos de mercado que possibilitem a recuperação da renda do produtor brasileiro de café.
Além do presidente-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, participaram dos encontros o presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita, o coordenador, Maurício Miarelli, e os conselheiros diretores do CNC, representando as cooperativas cafeeiras do Brasil, Francisco Miranda, Osvaldo Henrique, José Rogério Lara, Carlos Augusto Rodrigues de Melo e Lúcio Dias.
Os representantes dos ministérios da Fazenda e da Agricultura entendem o difícil momento vivenciado pelo setor cafeeiro no Brasil e estão dispostos a contribuir para que os produtores saiam dessa situação inglória de falta de renda. Dessa maneira, mantemos as negociações e esperamos comunicar, em breve, quais as ferramentas estarão disponíveis e quais os volumes e valores a serem envolvidos.
A safra brasileira 2012/13 de café terminou oficialmente no mês passado e, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foi marcada por preços bem inferiores aos da temporada anterior. De julho/12 a junho/13, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 teve média de R$ 340,83/saca de 60 kg, 24% abaixo da verificada em 2011/12. Em dólar, a queda foi ainda mais expressiva, de 33%, com o indicador a US$ 167,31/sc.
Ao longo dos 12 meses, o preço interno do grão recuou expressivos R$ 105 por saca, equivalente a um declínio de 27%. O Cepea relata que esse movimento acompanhou as sucessivas retrações do mercado internacional, onde especuladores exerceram pressão mencionando o volume recorde colhido no Brasil em 2012/13, seguido de anúncios de produção também recorde para anos de bienalidade negativa agora em 2013/14.
O CNC, por sua vez, reitera que, apesar de ambas as safras terem registrado produção recorde, o volume colhido é satisfatório apenas para honrarmos nossos compromissos com o consumo interno e as exportações, não havendo motivos para se pensar em excesso de oferta substancial, o que não justifica, fundamentalmente, o movimento de desvalorização do arábica, que começou em setembro de 2011 e, desde março deste ano, de acordo com cálculos do Cepea, as cotações estão abaixo do novo preço mínimo definido pelo governo federal, em R$ 307 por saca.
No acumulado da semana até a última quarta-feira, devido ao feriado de Independência nos Estados Unidos, as cotações do mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York apresentaram alta de 1%. O contrato C, com vencimento em setembro de 2013, chegou a subir 275 pontos na terça-feira, mas voltou para US$ 1,2140 por libra-peso no dia seguinte em função da realização de lucros dos players.
O real mais fraco tem pressionado os preços internacionais do arábica, pois sinaliza tendência de aumento das exportações de café pelo Brasil. Até o fechamento de quinta-feira, o dólar havia se valorizado aproximadamente 2%, cotado a R$ 2,259.
Na semana, o Banco Central anunciou mais uma medida para facilitar a entrada de dólares no país, em nova tentativa de conter a desvalorização do real. Agora, o Pagamento Antecipado (PA) de exportação não terá mais prazo limite, ou seja, os empresários podem tomar empréstimos no exterior para realizar liquidação antecipada das vendas externas sem a obrigatoriedade de pagamento em até cinco anos, como em vigência anteriormente.
A taxa de câmbio brasileiro ainda deve ser afetada pelo anúncio das estatísticas do mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira, que dará nova indicação sobre a tendência de redução da injeção de dólares no mercado norte-americano.
Na Bolsa de Londres, o vencimento setembro do mercado futuro de robusta acumulou ganho de US$ 61/t, novamente encontrando suporte acima dos US$ 1.800 por tonelada. Os estoques decrescentes e os prêmios pagos pelo café dos produtores do Vietnã e da Indonésia motivaram essa tendência.
Veículo: Diário do Comércio - MG