Determinação do Mapa prevê que o teor da bebida em néctar de laranja e uva passe de 30% para 40%
As indústrias de suco vão precisar fazer algumas alterações em seu processo produtivo, com o objetivo de atender a uma determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Isso porque a instrução normativa prevê que o teor da bebida em néctar de laranja e uva deve ser elevado de 30% para 40% nos próximos 16 meses e, até 2016, o percentual deve alcançar o mínimo de 50%. A determinação dividiu os fabricantes com planta em Minas Gerais. Para alguns, ela é sinônimo de incremento dos custos de produção e de um possível repasse para o consumidor, enquanto outros acreditam que ela aumenta a qualidade dos produtos disponíveis no mercado.
A Rio Branco Alimentos S/A, proprietária das marcas Pif Paf e dos Sucos Tial, com fábrica em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, afirma que a medida beneficia a empresa, uma vez que os produtos sabores laranja e uva por ela produzidos já têm percentual acima de 50% de suco. "O aumento exigido pelo ministério exigirá que a maioria das empresas adeque a sua fórmula, ao contrário da Tial, que já atende o requisito mesmo antes dele se tornar obrigatório", afirma o gerente Industrial, Rafael Araujo.
Ele acrescenta que esta é uma maneira de evitar a concorrência desleal que existe hoje, por meio da oferta de produtos com qualidade inferior. Na visão da empresa, o único impasse da norma é que, com a exigência de no mínimo 50% de suco, a quantidade de calorias ultrapassaria o máximo permitido para produtos light. Assim, eles poderiam deixar de ser fabricados. Esse aspecto, segundo Araujo, ainda é discutido com o Mapa.
Assim, a Tial não vai precisar fazer quaisquer adequações em suas fábricas para alterar os produtos comuns. Caso haja alguma mudança, esta vai atingir apenas os produtos light, sendo necessário ajustar apenas a fórmula ao alterar a quantidade de suco utilizada, o que não gera grandes impactos na planta ou aumento de custos no processo.
Oposição - Bela Ischia, com planta em Astolfo Dutra, também na Zona da Mata mineira, não é a favor da medida. Para a gerente de Qualidade, Alessandra Oliveira, a alteração da proporção já existente afetará os produtos registrados no Mapa, já comercializados no mercado nacional e internacional. Além disso, a mudança da fórmula resulta em um custo maior para a empresa, o que provoca um aumento do valor final. Entretanto, ela garante que "a empresa vai trabalhar na reformulação dos sucos de laranja e uva, de acordo com a nova determinação".
O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Mapa, Ricardo Cavalcanti, afirma que a decisão foi motivada por problemas enfrentados pelo setor da citricultura, devido aos excessos na safra. Ele acrescenta que o mais difícil ao longo de todo o processo que provocou a decisão foi promover o entendimento entre todos os setores envolvidos na produção do suco, uma vez que o fornecedor quer vender mais matéria-prima e o consumidor quer encontrar cada vez mais produtos com preços mais acessíveis.
Para ele, a adoção da medida de forma escalonada, decisão tomada em audiência pública que reuniu todos os segmentos da cadeia produtiva, representa um meio termo, por meio de uma solução plausível para todos os lados. "Claro que, para alguns, a sensação é de vitória e, para outros, de derrota mas, analisando sob uma perspectiva externa, trata-se de uma vantagem para todos, uma vez que foi possível chegar a um entendimento dessa maneira", pondera Cavalcanti.
Veículo: Diário do Comércio - MG