Mesmo depois de ter ficado US$ 3 bilhões mais cara em dois anos, a Monster Beverage ainda pode ser um alvo cobiçado pelas empresas de bebidas que precisam dar uma sacudida nas vendas.
A Monster, há muito tempo tema de especulações sobre tomadas de controle, está aumentando sua receita mais depressa do que cada uma das as grandes fabricantes de refrigerantes dos Estados Unidos, segundo dados reunidos pela Bloomberg. Isso inclui a Coca-Cola, que deverá informar sua primeira queda anual de vendas desde a crise financeira mundial.
A Coca-Cola pode ter interesse em fazer uma oferta pela fabricante das bebidas energéticas Monster a fim de proteger o acordo de distribuição firmado pelas duas empresas, afirmou o banco de investimento Stifel Financial.O crescimento da Monster será caro de comprar e qualquer pretendente tem de avaliar o risco de uma aposta em bebidas energéticas, numa época em que preocupações sobre os efeitos para a saúde de produtos ricos em cafeína levaram a uma investigação dos órgãos reguladores americanos. Apesar disso, mesmo com um ágio de 41%, uma possível aquisição poderá aumentar os lucros da Coca-Cola, segundo o Bank of Montreal.
"Essas duas coisas têm de ser ponderadas", diz o analista Jack Russo, da assessoria financeira Edward Jones. Mesmo assim, "uma transação como essa daria ao comprador uma base realmente enorme na categoria de bebidas energéticas", acrescentou.A Coca-Cola estudou uma possível aquisição da Monster no início de 2012, de acordo com uma fonte próxima ao assunto. As conversações se encerraram sem o fechamento de um negócio porque a Coca-Cola avaliou que o preço pedido pela Monster era alto demais.
Em abril daquele ano, após o fracasso das negociações, o "The Wall Street Journal" informou que a Coca-Cola tinha considerado uma possível compra. A Coca-Cola divulgou um comunicado no mesmo dia, poucas horas depois, em que afirmava: "no momento, não estamos em discussões com vistas à aquisição da Monster Beverage Corporation".
O valor de mercado da Monster subiu para um pico de US$ 13,9 bilhões em junho de 2012, a partir dos US$ 8 bilhões computados no início daquele ano. Na quinta-feira passada, a empresa era avaliada em US$ 11,3 bilhões.
Procurada para comentar seu possível interesse na companhia, a Coca-Cola afirmou que não comenta especulações. A Monster também não se manifestou.Em cada um dos últimos três meses, as vendas de bebidas energéticas nos Estados Unidos subiram 4,8% ou mais no comparativo com o mesmo mês do ano anterior, enquanto os refrigerantes registram queda.
A Red Bull, controlada pela empresa austríaca de mesmo nome, e a Monster lideram o mercado mundial de bebidas energéticas, de acordo com o analista Thomas Mullarkey, da assessoria em investimentos Morningstar. Embora a Coca-Cola, a maior empresa mundial de bebidas, distribua a Monster nos Estados Unidos e detenha as marcas de menor porte Full Throttle e NOS, ela não tem uma bebida energética própria importante, disse Mullarkey."Do ponto de vista estratégico e da atratividade, faz sentido, sem dúvida, a Coca-Cola comprar a Monster", disse o analista Amit Sharman, do Bank of Montreal.
A Coca-Cola provavelmente esperará até a Food and Drug Administration (FDA, o órgão regulador americano de alimentos e medicamentos) abordar os riscos para a saúde e impor algumas restrições à comercialização de produtos com cafeína, disse Sharma.
Mas o risco de "mudanças significativas" nos ingredientes, nos rótulos e nas maneiras pelas quais esses produtos são vendidos diminuiu nos últimos 12 meses. Isso abriu caminho para aquisições, segundo os analistas Mark Swartzberg e Mark Astrachan, da Stifel.
A Coca-Cola pode não ser a única interessada. A Anheuser-Busch InBev também tem acordos de distribuição com a Monster e se beneficiaria da aquisição da empresa, escreveram os analistas da Stifel em relatório de 19 de dezembro.
Embora a PepsiCo seja a empresa que tem, inicialmente, mais a ganhar com a aquisição da Monster, sua CEO, Indra Nooyi, não parece interessada numa compra desse porte, acrescentou o relatório da Stifel. Representantes da PepsiCo e da AB Inbev disseram não comentar especulações.
A ameaça de perder a Monster para um concorrente poderá motivar a Coca-Cola a fazer uma oferta de compra, a fim de defender o crescimento que obtém com a distribuição dos produtos da marca, segundo o relatório da Stifel."O fundamental será o grau de desespero dessas empresas para neutralizar a queda nas vendas de refrigerantes e por ingressar em outras categorias", disse Russo, da Edward Jones.
Veículo: Valor Econômico