Grupo Petrópolis vai arrendar unidades da Imcopa no Paraná

Leia em 3min 30s

Com a recente aprovação de seu plano de recuperação judicial, a Imcopa, uma das maiores processadoras de soja convencional do país, começa a alinhavar a retomada de suas atividades pelas mãos de um velho conhecido. O Grupo Petrópolis, que desde 2009 mantinha com a Imcopa um contrato de industrialização da oleaginosa por encomenda, arrendará as duas unidades da empresa, em Araucária e Cambé (PR).

"A empresa estava parada e, no momento, está sendo feita uma vistoria para conhecer a situação dos equipamentos e avaliar necessidades de manutenção ou reformas", informou a Petrópolis, em resposta enviada por e-mail ao Valor. A qualquer momento, acrescentou a companhia, "deve haver a homologação judicial dos ajustes com o fundo que está assumindo o controle da Imcopa". A cervejaria assumirá apenas as operações industriais da processadora. Toda a reestruturação financeira ficará a cargo do Grupo Fema, fundo especializado na gestão de ativos imóveis em dificuldades, que faz sua primeira incursão no segmento agrícola.

Conforme Geraldo Gouveia Junior, da Advocacia De Luizi, que representa o Fema, o arrendamento das plantas estava previsto no plano, aprovado na última sexta-feira. Os credores, porém, impuseram restrições e elencaram as empresas que estariam liberadas para arrendar as unidades, entre elas a Bunge, a Cargill e a própria Petrópolis - com a qual já havia "conversas avançadas".

Não causa mesmo surpresa que a Petrópolis tenha fechado um acordo para assumir a área operacional da Imcopa. A ligação entre as duas empresas tornou-se tão umbilical, aos olhos do mercado, que a cervejaria foi colocada na linha de tiro dos credores desde que a processadora entrou em recuperação judicial, em janeiro de 2013.

Nos últimos meses, bancos credores, como Credit Suisse, ING e HSBC, tentavam provar que a Petrópolis havia se tornado, na prática, controladora da Imcopa. Juntas, as três instituições cobravam R$ 530 milhões da empresa, de uma dívida total de R$ 1 bilhão. Em meio a essas desavenças, a parceria entre a cervejaria e a Imcopa chegou a ser rompida, no fim de 2013.

O Valor apurou que o acordo gerava créditos fiscais de PIS e Cofins de cerca de R$ 100 milhões ao ano para a Petrópolis - valor não confirmado pela companhia. Como exporta a maior parte da produção, a Imcopa não conseguia, sozinha, compensar tais créditos, e a Petrópolis teria sido atraída pela possibilidade de se apropriar deles.

A Imcopa registrou faturamentos bilionários em seus tempos áureos. A receita operacional líquida em 2008 chegou a R$ 2,65 bilhões. Naquele ano, porém, a empresa já começaria a sofrer os efeitos da crise econômica mundial, com um prejuízo de R$ 141,5 milhões.

A Imcopa enfrentou um caminho tortuoso na tentativa de sair da lona. Nos últimos três meses, houve a suspensão de cinco assembleias de credores. Em dezembro, a Penido Holding, um grupo de investimento e participações, quis adquirir a empresa, mas a operação estava condicionada a um empréstimo de R$ 480 milhões, que não foi viabilizado.

A proposta do Fema foi feita em 25 de fevereiro e aprovada três dias depois. Entre os credores, cresceu a suspeita de que o fundo teria ligações com a Petrópolis, e que seria um jogo de cartas marcadas. A cervejaria nega participação no Fema.

Ainda assim, o plano recebeu 87,56% dos votos a favor da classe II (credores com garantia real) e 92,91% da classe III (sem garantia real). O grupo Fema pagará os credores da Imcopa e passará a ser o único credor da processadora.

Para a classe II, foram ofertados R$ 205 milhões para pagamento à vista, com deságio de cerca de 70%. No caso da classe III, foram R$ 45 milhões, com deságio de 94%. O credor que quiser apoiar o Fema com capital de giro (a meta é obter entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões), poderá realizar o empréstimo e, assim, terá o deságio diminuído.

Ao Valor, a Petrópolis não informou a capacidade de processamento, nem o número de funcionários da Imcopa, mas disse que não tem a intenção de promover demissões. Questionada sobre como essa nova atividade, focada na área agrícola, se insere nos negócios da companhia, a Petrópolis informou que "a diversificação em negócios que sejam economicamente sustentáveis faz parte de uma visão de longo prazo".



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Empresa de Blumenau irá lançar cerveja com guaraná

Produto será feito em parceria com cervejaria argentina em comemoração à Copa do MundoA Cerv...

Veja mais
Bierland lança cerveja especial com guaraná para Copa

A Bierland irá fabricar cerveja com lúpulos cultivados na região da Patagônia e guaraná...

Veja mais
Mudança de hábitos ameaça a Coca-Cola

Com campanhas contra obesidade, empresa tem queda nas vendas e no valor da marcaA Coca-Cola reinou por muitos anos como ...

Veja mais
Tetra Pak adquire empresa de processamento

Aquisição fortalece o portfólio da Tetra Pak® na área de processamento de bebidas carbon...

Veja mais
AB InBev estuda comprar SABMiller

Desaceleração e a falta de grandes alvos podem finalmente levar a maior fabricante de cerveja a engolir su...

Veja mais
Absolut lança edição carnavalesca com arte de Rafael Grampá

Além do projeto visual, o país inspirou o sabor da bebida, que combina flor de laranjeira e maracujá...

Veja mais
Venda de bebidas cresce 5% no início deste ano, estima Abrasel-SP

O clima quente impulsiona as vendas nos estabelecimentos, informa o presidente da Associação Brasileira de...

Veja mais
Pepsi apresenta mini-latas por frases famosas do cinema

Marca irá veicular comercial com a mensagem “Little Can. Epic Satisfaction.” durante o OscarPepsi apr...

Veja mais
Lucro da Ambev duplica no 4º trimestre

Montante de R$ 4,6 bilhões representa uma alta de 105% na comparação com os três últim...

Veja mais