Diageo sente o efeito de restrições do governo chinês

Leia em 2min 20s

A Diageo, maior grupo mundial de bebidas destiladas, anunciou queda de 11% no lucro líquido anual. Ela sentiu o impacto da desaceleração nos países emergentes, onde foi obrigada a registrar baixa contábil no valor de sua marca de baijiu, uma bebida chinesa consumida há cerca de 600 anos.

A fabricante do uísque Johnnie Walker, da vodca Smirnoff e da cerveja Guinness anunciou queda de 9% nas vendas, para 10,3 bilhões de libras esterlinas (US$ 17,44 bilhões), afetada principalmente pelo efeito cambial adverso - em termos orgânicos, houve aumento de 0,4%. O lucro líquido, de 2,7 bilhões de libras, ficou abaixo da estimativa média dos analistas.

"Não foi um resultado da melhor qualidade, o da Diageo, mas no contexto dos recentes tropeços, passa como satisfatório", disse o analista James Edwardes Jones, da RBC Capital Markets, disse.

A Diageo deparou-se com uma série de contratempos, que levaram as ações ficar com desempenho abaixo da média nos últimos 12 meses. Na Nigéria, a empresa foi demasiado lenta para adaptar-se à queda no consumo de cerveja. Na China, a investida do presidente do país, Xi Jinping, contra o consumo extravagante por figuras do governo e contra presentes luxuosos fez com que as vendas da marca de baijiu do grupo caíssem 78%.

O empenho de Pequim em acabar com a ostentação nos gastos impactou o lucro de marcas de luxo internacionais que apostavam no mercado chinês para crescer.

A forte queda nas vendas de baijiu fez com que o lucro operacional região da Ásia-Pacífico caísse pela metade, para 7 milhões de libras. A região é responsável por 13% das vendas do grupo. O grupo confirmou ter contabilizado baixa de 264 milhões de libras em sua participação controladora na destilaria de baijiu Shui Jing Fang; a baixo contábil líquida foi menor, de 79 milhões de libras. "As condições comerciais - especialmente nos mercados emergentes - foram duras, portanto, nossos resultados gerais foram mistos".

Houve algumas boas notícias nos países emergentes. A Diageo viu as vendas crescerem no Brasil e Colômbia, enquanto na Indonésia os números foram impulsionados pelo aumento de 7% nas vendas da Guinness. Na América do Norte, onde as vendas caíram 7%, para 3,4 bilhões de libras, a Diageo promoveu aumentos modestos nos preços, o que ajudou a melhorar a margem de lucro operacional em 1,83 ponto percentual, para 42%.

O desempenho na Europa Ocidental se estabilizou, segundo a Diageo. Embora as vendas tenham recuado 2%, o declínio foi menor do que no ano anterior.

Desde que assumiu o cargo de CEO há um ano, Ivan Menezes comprometeu-se a melhorar o desempenho por meio de cortes de custos e a impulsionar a rentabilidade dos 4 bilhões de libras investidos em países emergentes por seu antecessor, Paul Walsh. (Tradução de Sabino Ahumada)



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Lucro da Ambev sobe no 2º tri para R$ 2,16 bilhões

A fabricante de bebidas Ambev reportou um lucro líquido de R$ 2,167 bilhões no segundo trimestre de 2014, ...

Veja mais
Ambev terá nova fábrica na Bahia e investirá R$ 800 milhões

A Ambev está muito perto de anunciar um investimento na casa dos R$ 800 milhões para a construç&ati...

Veja mais
Vinhos ganham o exterior

Enquanto alguns setores consideraram fraco o desempenho do primeiro semestre, para outros, como o vitivinícola, o...

Veja mais
Bebidas: R$ 30,8 bi é o que o segmento de bebidas

R$ 30,8 bi foi o que o segmento de bebidas frias – sucos, águas, refrigerantes, cervejas, chás e iso...

Veja mais
Lucro líquido da Coca-Cola cai para US$ 2,6 bi no 2º tri

A Coca-Cola registrou lucro líquido de US$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2014, queda de 3% ante os U...

Veja mais
Estoques de suco de laranja do país tiveram queda de 30%

O estoque de passagem de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) entre a safra 2013/2014 e a atual safra 2014/201...

Veja mais
Vinhos premiados ao alcance do consumidor

Pão de Açúcar lança projeto "Vinhos Brasileiros Premiados" que possibilitará a pequen...

Veja mais
Três bebidas nacionais figuram entre as 100 melhores do mundo, segundo ranking internacional

Engana-se quem acredita que bons vinhos custam caro. Os três melhores rótulos brasileiros custam menos de 3...

Veja mais
Brasil será o segundo maior responsável por crescimento de mercado de cervejas no mundo

O presidente da Anheuser-Busch InBev, Carlos Brito, afirmou na sexta-feira, em um evento para investidores no Rio de Jan...

Veja mais