A Diageo, maior grupo mundial de bebidas destiladas, anunciou queda de 11% no lucro líquido anual. Ela sentiu o impacto da desaceleração nos países emergentes, onde foi obrigada a registrar baixa contábil no valor de sua marca de baijiu, uma bebida chinesa consumida há cerca de 600 anos.
A fabricante do uísque Johnnie Walker, da vodca Smirnoff e da cerveja Guinness anunciou queda de 9% nas vendas, para 10,3 bilhões de libras esterlinas (US$ 17,44 bilhões), afetada principalmente pelo efeito cambial adverso - em termos orgânicos, houve aumento de 0,4%. O lucro líquido, de 2,7 bilhões de libras, ficou abaixo da estimativa média dos analistas.
"Não foi um resultado da melhor qualidade, o da Diageo, mas no contexto dos recentes tropeços, passa como satisfatório", disse o analista James Edwardes Jones, da RBC Capital Markets, disse.
A Diageo deparou-se com uma série de contratempos, que levaram as ações ficar com desempenho abaixo da média nos últimos 12 meses. Na Nigéria, a empresa foi demasiado lenta para adaptar-se à queda no consumo de cerveja. Na China, a investida do presidente do país, Xi Jinping, contra o consumo extravagante por figuras do governo e contra presentes luxuosos fez com que as vendas da marca de baijiu do grupo caíssem 78%.
O empenho de Pequim em acabar com a ostentação nos gastos impactou o lucro de marcas de luxo internacionais que apostavam no mercado chinês para crescer.
A forte queda nas vendas de baijiu fez com que o lucro operacional região da Ásia-Pacífico caísse pela metade, para 7 milhões de libras. A região é responsável por 13% das vendas do grupo. O grupo confirmou ter contabilizado baixa de 264 milhões de libras em sua participação controladora na destilaria de baijiu Shui Jing Fang; a baixo contábil líquida foi menor, de 79 milhões de libras. "As condições comerciais - especialmente nos mercados emergentes - foram duras, portanto, nossos resultados gerais foram mistos".
Houve algumas boas notícias nos países emergentes. A Diageo viu as vendas crescerem no Brasil e Colômbia, enquanto na Indonésia os números foram impulsionados pelo aumento de 7% nas vendas da Guinness. Na América do Norte, onde as vendas caíram 7%, para 3,4 bilhões de libras, a Diageo promoveu aumentos modestos nos preços, o que ajudou a melhorar a margem de lucro operacional em 1,83 ponto percentual, para 42%.
O desempenho na Europa Ocidental se estabilizou, segundo a Diageo. Embora as vendas tenham recuado 2%, o declínio foi menor do que no ano anterior.
Desde que assumiu o cargo de CEO há um ano, Ivan Menezes comprometeu-se a melhorar o desempenho por meio de cortes de custos e a impulsionar a rentabilidade dos 4 bilhões de libras investidos em países emergentes por seu antecessor, Paul Walsh. (Tradução de Sabino Ahumada)
Veículo: Valor Econômico