O Grupo Petrópolis, segunda maior cervejaria no Brasil e dona da marca Itaipava, fechou um acordo com a inglesa SABMiller para distribuição das suas marcas no Brasil. Com o acordo, o grupo dá o primeiro passo para estabelecer uma operação direta no mercado brasileiro, onde a Ambev domina com uma participação de 68,4%.
Os porta-vozes das duas companhias não quiseram dar mais detalhes sobre o acordo. As empresas informaram que a Petrópolis terá licença para fazer a distribuição de algumas das marcas da SABMiller nos próximos anos. Não está claro se a companhia brasileira também vai engarrafar as cervejas da multinacional. A Petrópolis opera no país com 12 marcas de cerveja, incluindo Itaipava, Crystal e Petra. O grupo brasileiro possui unidades em 20 Estados e seis fábricas e produz por ano 26 milhões de hectolitros de cerveja.
O acordo representa uma entrada tímida da SABMiller no território brasileiro, que tem atualmente como principais concorrentes Ambev, Grupo Petrópolis, Brasil Kirin e Heineken. Uma pesquisa da Nielsen divulgada no fim do primeiro trimestre indicava que a Ambev liderava o setor com 67,12% do mercado, seguida pelo Grupo Petrópolis, com 12,4% de participação. A Brasil Kirin (ex-Schincariol) detinha 9,9% do mercado e a holandesa Heineken tinha participação de 8,84%.
A Ambev ampliou sua participação no segundo trimestre, para 68,4%. A equipe de analistas do BTG Pactual, liderada por Thiago Duarte, considerou em relatório que o crescimento da companhia pode ser mais fraco neste ano em função da desaceleração do ambiente macroeconômico. O BTG Pactual projeta para o segundo semestre do ano um crescimento de 3% nas vendas de cervejas no mercado brasileiro. No acumulado de janeiro a agosto, a produção no país cresceu 6,9%.
O Brasil é o único mercado de grande porte na América Latina em que a SABMiller não possuía ainda operação direta. A região responde atualmente por 33% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da SABMiller no mundo. Na América Latina, a britânica já domina os mercados da Colômbia, Peru, Equador e países da América Central. Globalmente, a SABMiller é a segunda maior do mercado e detém 200 marcas, incluindo Miller, Cusqueña e Foster's.
A forte participação da SABMiller em outros países da América Latina foi um fatores que levou a Anheuser-Busch InBev (AB InBev) a buscar recursos para fazer uma oferta de aquisição da rival. De acordo com notícias recentes, que citam fontes do mercado, a AB InBev não chegou a fazer proposta direta à SABMiller, mas tenta captar recursos com bancos para fazer a aproximação. As informações não são confirmadas pela cervejaria. A notícia sobre uma possível oferta veio na esteira da tentativa frustrada que a SABMiller fez para adquirir a Heineken em agosto.
Globalmente, segundo a Euromonitor, a AB InBev possui uma participação de quase 20% no mercado de cerveja, enquanto a SABMiller tem 9,6%. A Heineken é a terceira colocada, com 9,3%. Em agosto, a SABMiller tentou adquirir a fabricante holandesa de cerveja, mas a oferta foi rejeitada pela família controladora.
Na quarta-feira, a agência de classificação Moody's alterou de neutra para positiva a perspectiva em relação à SABMiller, considerando as melhorias que a companhia apresentou em seu desempenho operacional nos últimos anos e a expectativa de uma melhoria nas métricas de crédito da companhia. A SABMiller possui atualmente um endividamento líquido equivalente a 2,7 vezes o seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e manteve, desde o primeiro trimestre do ano, uma margem Ebitda de 33%. Esses indicadores, segundo a Moody's, apontam que a companhia está na trajetória certa para uma melhora em sua classificação de risco nos próximos 12 a 18 meses.
AB InBev vende fábrica no México
A cervejaria belgo-brasileira Anheuser-Busch InBev (AB InBev) vendeu por US$ 300 milhões uma fábrica de vidro que possui no México para a Constellation Brands, produtora e distribuidora americana de vinhos, cervejas e destilados.
A venda atende às exigências do governo americano para que a maior cervejaria do mundo vendesse US$ 3,9 bilhões em ativos, além da cervejaria Piedras Negras, no México, para concluir a compra de 50% da participação que ainda não detinha no Grupo Modelo, do México, por US$ 20,1 bilhões, em junho.
A Constellation Brands já havia comprado a cervejaria Piedras Negras da AB InBev e detinha direitos perpétuos de licenciamento de cinco marcas da Modelo, nos Estados Unidos, em acordos que somaram US$ 5,3 bilhões. A Constellation tem apresentado um crescimento expressivo no mercado global de cervejas desde que fechou esses acordos com a AB InBev.
A compra da fábrica de vidro, segundo a Constellation Brands, tem por objetivo ampliar a sua capacidade de engarrafamento em Nava, no México, onde tem fábrica. A empresa vai ampliar a capacidade de produção em Nava em 5 milhões de hectolitros, para 20 milhões de hectolitros até 2016.
A unidade atenderá mais de 50% da demanda de envase da fábrica da Constellation Brands, informou a companhia.
Veículo: Valor Econômico