Paulo Kronbauer
O setor vitivinícola brasileiro viveu a edição da 22ª Avaliação Nacional de Vinhos, evento ímpar no mundo, no último dia 27 de setembro em Bento Gonçalves, com a apresentação dos vinhos da safra 2014 para mais de 850 degustadores, enólogos e jornalistas. A cada ano, o vinho brasileiro, em especial o produzido no Rio Grande do Sul, vai se equiparando aos padrões de qualidade internacionais. E vem marcando seu DNA bem brasileiro, com vinhos brancos de agradável frescor e espumantes cada vez mais elogiados até por enólogos e connaisseurs estrangeiros. No entanto, ainda que se tenha constatado evolução de qualidade nas 16 amostras apresentadas, nossas indústrias vinícolas ainda têm muito a buscar em qualificação, até para sobrepujar o “mau humor” do clima gaúcho em épocas de terminação da safra, quando ocorrem chuvas.
Vencidas estas barreiras, por certo a indústria brasileira continuará a brindar os enófilos com vinhos e espumantes em condições de competir com a maioria dos produtos importados. Resta-nos eliminar alguns entraves como a alta carga tributária e o elevado custo financeiro neste setor, que também sofre a forte concorrência dos produtos que invadem o mercado brasileiro, mais pela questão de preço baixo e menos pela qualidade. Das mais de 700 vinícolas instaladas no Rio Grande do Sul, a maioria ainda exerce gestão muito familiar, quando a “profissionalização é um grande desafio na vitivinicultura gaúcha”, segundo o Ibravin.
A exemplo de inúmeros setores econômicos, o vitivinícola também se ressente de mão de obra mais qualificada, conforme estampado em reportagem no Jornal do Comércio de 29/9/2014. Para que se ponha na taça dos degustadores um vinho de qualidade, são exigidos vultosos investimentos financeiros e de tecnologia, aliada à adoção de gestão mais empresarial. A concorrência interna e a advinda da entrada de produtos do exterior impelem as vinícolas a se aprimorarem nos conceitos de administração adequados, além de superarem o preconceito injustificável contra vinhos “Made in Brazil”.
Ainda de forma incipiente e concentrada nas maiores empresas vinícolas, a modernidade tecnológica também chegou para o setor vitivinícola com a adoção de controles de qualidade e novos métodos de elaboração, tais como osmose reversa, com a retirada de água no mosto, ainda bem onerosa.
Degustador
Veículo: Jornal do Comércio - RS