Cachaça mineira poderá ganhar mais espaço no mercado internacional

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Governo do México reconheceu a bebida como típica do Brasil

 



O reconhecimento por parte do governo do México de que a cachaça é uma bebida distinta do Brasil trouxe expectativas positivas para os representantes do setor em Minas Gerais. Além da possibilidade de expandir o mercado e abrir o caminho para que outros países também reconheçam a bebida como genuinamente brasileira, a estrutura desenvolvida no México para a valorização da tequila, que também foi reconhecida pelo Brasil como uma bebida exclusiva do México, poderá servir de modelo para promover a organização da cadeia nacional da cachaça.

As negociações entre os países estavam em andamento há alguns anos, mas a partir de junho de 2014, com a renovação de convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e o Conselho Regulador de Tequila (CRT), a movimentação em torno do processo de reconhecimento recebeu maior atenção do governo. O objetivo, com a denominação de origem assegurada, é diferenciar a bebida das demais e reduzir a pirataria.

De acordo com o presidente do Centro Brasileiro de Referência em Cachaça, José Lúcio Mendes, a iniciativa é muito positiva para o País e para Minas Gerais em particular. O acordo é visto como uma oportunidade para que o governo brasileiro e a iniciativa privada conheçam a estrutura e as políticas criadas para proteger, combater a ilegalidade e promover a tequila.

"Muito além de uma nova oportunidade de ampliar a comércio internacional da cachaça, a aproximação do governo brasileiro com o mexicano abre a oportunidade para que a cadeia da cachaça se desenvolva. Há mais de 40 anos o governo do México, juntamente com a iniciativa privada, vem trabalhando para a valorização e a organização da cadeia produtiva da tequila e, com isso, a bebida é mundialmente reconhecida. No Brasil, o segmento de cachaça enfrenta diversos gargalos, como a falta de organização, o alto índice de informalidade e altas taxas de impostos, por exemplo. Fatores estes que impedem o desenvolvimento do setor", diz Mendes.

Dados - Ainda segundo ele, o governo brasileiro deve trabalhar em conjunto com a iniciativa privada para que o setor se desenvolva. Um dos gargalos atuais, por exemplo, é a falta de dados concretos e atualizados da atividade.

"Não sabemos ao certo qual é a produção nacional nem o real número de produtores, e esses dados são fundamentais para que se possa criar políticas e planos de desenvolvimento. O modelo mexicano pode ser adaptado à realidade econômica do país, levando em conta também a dimensão geográfica, já que a cachaça é produzida em mais de 5 mil municípios. Em Minas Gerais, o suporte para o desenvolvimento pode vir da Emater, presente em mais de 700 municípios, e do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), que também tem forte atuação", ressalta.

A oportunidade de conhecer o modelo mexicano de organização da cadeia da tequila também é bem avaliada pelo gerente de certificação do IMA, Marco Antônio Vale.

"ɐ interessante avaliar a organização da cadeia da tequila e observar que o trabalho conjunto entre o governo e a iniciativa privada pode contribuir para o desenvolvimento da cachaça. Se unirmos as entidades e trabalharmos de forma organizada, poderemos ampliar a qualidade da cachaça e diminuir a informalidade", afirma Vale.

A produção de cachaça em Minas Gerais varia entre 200 milhões e 220 milhões de litros por ano. O número estimado de alambiques é de 8,4 mil e, deste total, 95% produzem informalmente. No IMA são cerca de 600 empresas cadastradas e 300 marcas certificadas. Somente 2% da produção estadual são destinados ao mercado internacional, cujos compradores, na maioria, são os países europeus e sul-americanos.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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