Fabricante divulga balanço na 5ª-feira.
Bruxelas - A belgo-brasileira Anheuser-Busch InBev (ABInBev), maior cervejaria do mundo, deverá se beneficiar da capacidade de absorção à crise do mercado de cerveja em seus dois principais mercados, Estados Unidos e Brasil, acreditam analistas. A fabricante divulga seu balanço anual nesta quinta-feira.
"Nossas análises nos levam a acreditar que não haverá uma queda significativa da receita ou dos lucros, por causa da inelasticidade da demanda de seu mix de produtos (da ABInBev), não obstante o declínio econômico global", disse o diretor de investimentos da LNG Capital, Louis Gargour. A LNG comprou títulos de dívida emitidos recentemente pela ABInBev.
"Enquanto as outras cervejarias enfrentam desafios significativos em seus mercados específicos, como Rússia, África do Sul e Europa Ocidental, a ABInBev deverá se beneficiar da relativa segurança de seu foco nas Américas, onde o mercado de cerveja resiste", disse o analista Jonathan Cook, do Royal Bank of Scotland. Cook estima que, neste ano, a ABInBev obterá 40% de seu Ebitda nos EUA e 29% no Brasil.
O diretor gerente da Beverage Marketing Corporation em Nova York, Brian Sudano, afirmou que as vendas de cerveja em janeiro cresceram até 2% em volume no mundo, mas analistas acreditam que a receita do setor deverá ficar sob pressão, já que, em períodos difíceis, as pessoas tendem a beber mais em casa do que em bares, onde os preços são mais altos. Além disso, os consumidores ficam menos dispostos a pagar mais por marcas prêmio, lembra Rob Mann, da Collins Stewart em Londres.
As marcas Budweiser e Bud Litem, da ABInBev, parecem se beneficiar desse movimento, de acordo com a Nielsen Company, que acompanha o consumo da bebida. As vendas de marcas que não encaixam na categoria premium, como a Budweiser e a Bud Liten, cresceram nos EUA 3,7% nas 12 semanas terminadas em 24 de janeiro em comparação com o mesmo período do ano passado.
Pressões - As pressões sobre as vendas variam de região para região Na Rússia e a Europa Oriental, alguns consumidores estão trocando cerveja por vodca e outros destilados, uma razão pela qual as vendas nesses países têm declinado rapidamente. A compra da norte-americana Anheuser-Busch pela InBev, no entanto, deve ajudar a proteger o grupo dessa tendência, acreditam analistas. A transação diversificou os mercados da companhia, diminuindo o peso dos mercados russo e da Europa Central e Oriental sobre os resultados da cervejaria.
Para o balanço anual que será anunciado nesta quinta-feira, analistas esperam, em média, que a fabricante apresentará receita de 15,68 bilhões de euros (US$ 19,7 bilhões), 8,7% maior que a de 14,43 bilhões de euros de 2007. O Ebitda deverá registrar queda de 2,2%, para 5,25 bilhões de euros.
Os investidores também parecem acreditar que a companhia conseguirá enfrentar a crise econômica atual. Depois da forte queda dos preços das ações no final do ano passado, em parte por causa de uma oferta para ajudar a financiar a compra da Anheuser, seus papéis acumulam alta de cerca de 22% este ano. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG