O consumo de vinho aumentou 4,6% no primeiro semestre de 2015, quando comparado com o mesmo período em 2014. Conforme dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a demanda pela bebida chegou a 9,1 milhões de litros e pelos espumantes cresceu 22,7%, atingindo os 4,9 milhões de litros.
O vinho foi, por muito tempo, conhecido como uma bebida de “elite” e que só quem tinha um alto poder aquisitivo poderia adicionar esse item em seu cotidiano. Entretanto, há alguns anos, essa percepção tem mudado e o brasileiro tem se mostrado cada dia mais interessado pelo produto.
Nas unidades da pizzaria Pizza Sur o consumo do vinho cresceu significativamente. O sócio-proprietário Gustavo Roman conta que a venda subiu 6% em 2015 comparado ao exercício anterior. “A carta de vinhos possui mais de 50 rótulos, com ênfase nos produtos sul-americanos, e os mais vendidos são Finca El Origen, da Argentina, e o chileno Casanova. Os clientes têm demonstrado cada vez mais interesse em experimentar novas marcas. 65% dos nossos clientes tomam vinhos,” afirma.
Para a cliente do Pizza Sur, Késsia Salliba, a paixão pelo vinho veio desde os 20 anos de idade pelo gosto e por uma causa nobre. “Além de gostar de um bom vinho, tomo também por recomendação médica. Venho de um histórico familiar com colesterol ruim alto. Por recomendação médica tomo sempre uma taça após o jantar, e realmente o consumo refletiu nos exames. Funcionou e continua funcionando”, declara. Apaixonada pelo vinho francês, ela conta que a ideia de uma bebida elitizada caiu por terra “e o que falta é publicidade quanto ao consumo da bebida. Vemos tantas propagandas relacionadas com a cerveja e quase nunca vemos sobre vinhos. Hoje temos muitas opções com qualidade e ótimo preço. Acessível a todos”, disse.
Segundo Roman, a desmistificação que o vinho é uma bebida de “elite” e que poucas pessoas têm acesso, é uma das razões que levaram a bebida a cair no gosto popular. “O vinho sempre foi considerado uma bebida cara, mas as pessoas já perceberam que existem rótulos de preços diversificados. Em nossas unidades, trabalhamos com vinhos argentinos, chilenos, uruguaios e nacionais, o valor varia entre R$39,90 e R$112,90,” esclarece.
A Enoteca Decanter BH, loja de vinhos e enogastronomia com dez anos de mercado, é um bom exemplo de como o vinho tem caído no gosto popular dos brasileiros. De acordo com o diretor da Enoteca Decanter BH, Flávio Morais, foi possível perceber como tem aumentado a procura de vinhos por novos consumidores cresceu no decorrer dos anos. “O vinho sempre foi visto como uma bebida destinada à classe alta da sociedade. No entanto, desde que o brasileiro aumentou o seu poder aquisitivo, a bebida começou a ser mais procurada por pessoas que antes a desconheciam. Há rótulos para todos os gostos e condições financeiras” ressalta o diretor.
De acordo com o cliente da Enoteca Decanter, Francisco Reis, o vinho já faz parte do seu dia a dia. Ele aprendeu a apreciar a bebida ainda dentro de casa com a mãe que era descendente de portugueses e tomava vinhos todos os domingos. Com o passar do tempo, as importações da bebida para o Brasil foram se ampliando e posteriormente a indústria de vinhos finos no País se consolidou com excelente custo. “Voltei a morar em Belo Horizonte em 2008 e encontrei na Decanter uma loja no perfil que buscava: ampla variedade e excelentes vinhos, atendimento personalizado, e a oportunidade de um aprendizado conjunto vinho/gastronomia, não só nos diversos cursos inigualáveis, mas também em almoços harmonizados. A confiança e amizade com a equipe Decanter foi um grande estímulo na busca de conhecimento sobre vinhos”, explica.
Reis conta que atualmente toma vinho em torno de quatro a sete dias por semana e que a melhor sensação é experimentar um novo vinho, uma nova uva, ou um rótulo desconhecido. “Eu e minha esposa gostamos de cozinhar. Então, o vinho é um companheiro em nossas aventuras pela gastronomia. Geralmente à noite é o momento que cozinhamos, sentamos a mesa com nossos filhos para conversar sobre o dia e a vida, e nos deliciamos com um vinho bem harmonizado com um bom prato”, declara.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG