Empresas fundadas por brasileiros abrem espaços no país, e gigantes [br]como Coca-Cola e PepsiCo já resolveram entrar nessa disputa
Depois das sandálias Havaianas, da depilação "brazilian wax" e dos rodízios de churrasco, chegou a vez de a água de coco brasileira conquistar os Estados Unidos. Vendida como o "Gatorade da natureza", por suas propriedades de hidratação e por não ter gordura, a água de coco saiu dos nichos de supermercados naturebas e já pode ser encontrada em todo lugar. Celebridades como Halle Berry e Madonna são adeptas da bebida. E todo praticante de ioga que se preza toma sua água de coco no estúdio.
As vendas de água de coco nos EUA dobraram este ano, chegando a US$ 20 milhões no acumulado até 12 de julho, segundo a Beverage Marketing Corp, comparado com o mesmo período no ano passado.
O mineiro Rodrigo Veloso, de 30 anos, está rindo sozinho. Há cinco anos, ele criou a O.N.E., como um plano de negócios em um dos cursos de empreendedorismo no MBA da Fundação Getúlio Vargas. Com o plano, ele ganhou o prêmio da FGV e resolveu investir na ideia. Vendeu seu apartamento em São Paulo, seu carro Peugeot, arrecadou dinheiro com familiares e pais de amigos e se mandou para os Estados Unidos.
No país, conseguiu convencer mais um investidor do sul da Califórnia e, com os US$ 500 mil arrecadados, começou a O.N.E. Hoje, ele vende sua água de coco em cerca de 40 mil supermercados nos EUA e deve encerrar o ano com 5 milhões de caixinhas vendidas (mais de 2 milhões de litros). O faturamento da O.N.E. foi de US$ 10 milhões em 2008, e deve dobrar este ano. Ele também vende suco de açaí, de caju e de café.
"Água de coco é o isotônico natural", diz. "Além disso, vem do Brasil, o que já ajuda no marketing. Brasil lembra beleza, saúde." E, segundo ele, há sempre aquela esperança: "Será que vou ficar bonita como a Gisele Bündchen se tomar água de coco?", brinca.
A VitaCoco, a maior do mercado americano, também tem raízes brasileiras. Em 2003, os amigos Ira Liran e Michael Kirban estavam em um bar em Nova York conversando com duas brasileiras que tinham acabado de conhecer. As brasileiras começaram a dizer que a única coisa de que sentiam falta na cidade era água de coco. A noitada rendeu. Além de fundar a VitaCoco com seu sócio Michael, Ira casou com uma das brasileiras, Bianca Wajngarten.
A VitaCoco, que custa US$ 2 a caixinha, faturou US$ 20 milhões em 2008. Neste ano, Ira espera vender 36 milhões de caixinhas. Ele tem parceria com a Ducoco, do Ceará. A água de coco é produzida e embalada no Brasil. A Vita Coco exporta para Grã-Bretanha, Canadá e Austrália. "Fazemos propaganda em qualquer evento onde as pessoas estejam suando", diz Ira, americano nascido em Israel.
O marketing, principalmente em eventos esportivos, é muito importante. No começo, conta Ira, ninguém sabia o que era água de coco. "?Leite de coco? Mas isso engorda muito!?, as pessoas diziam. Depois de eu repetir milhões de vezes, as pessoas começaram a diferenciar", ele conta. A Vita Coco também oferece água de coco sabor açaí e romã, outra fruta vedete dos naturebas.
MULTINACIONAIS
O potencial da água de coco não passou despercebido das multinacionais. Ontem, a Coca-Cola anunciou a compra, por US$ 15 milhões, de 20% da Zico Beverages, outra grande marca do produto nos EUA. A Zico faturou US$ 4 milhões no ano passado, e é vendida principalmente em estúdios de Yoga Bikram, onde a aula de ioga é realizada a uma temperatura de 40oC.
No mês passado, a PepsiCo anunciou a compra da Amacoco, a maior fabricante de água de coco do Brasil - dona das marcas Kero Coco e Trop Coco. O valor do negócio não foi revelado. "Combinar a expertise da Amacoco na produção da água de coco com o portfólio de marcas da PepsiCo cria grande potencial para inovação de produtos", disse, à época, Massimo d?Amore, CEO da PepsiCo Americas.
Veículo: O Estado de S.Paulo