Safra e concentração derrubam boi

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Chuvas que anteciparam a safra de gado bovino nas regiões de produção e a concentração cada vez maior dos frigoríficos no país pressionam as cotações do boi gordo. Na sexta-feira, em São Paulo (praça de referência para outras regiões), a arroba do animal saía por R$ 75 (a prazo, para descontar o Funrural), depois de ter iniciado o mês de novembro a R$ 77 e o ano a R$ 87, segundo a Scot Consultoria.

 

Fabiano Tito Rosa, da Scot, afirma que a chuva dos últimos meses antecipou em cerca de 40 dias a safra, o que elevou a oferta. "Praticamente não tivemos entressafra, a oferta foi regular", comenta o analista. Com as chuvas antecipadas, o pasto foi beneficiado e os animais ficaram "prontos" mais cedo.

 
 
José Vicente Ferraz, do Instituto AgraFNP, avalia que o efeito da entrada antecipada de animais de pasto não é suficiente para pressionar tanto o preço da arroba. Nem a oferta de gado de confinamento, que neste é menor. Para ele, acima de tudo, o que derruba as cotações é a forte concentração dos frigoríficos.

 

Além de empresas terem deixado de operar por dificuldades financeiras, como Independência, Quatro Marcos, Margen e Arantes Alimentos, em setembro a JBS incorporou a Bertin e o Marfrig arrendou unidades do Margen e do Mercosul.

 

"A concentração já está mostrando suas garras", afirma Ferraz. Ele diz que os frigoríficos enfrentam demanda mais fraca para exportação e pressionam para pagar menos pela arroba.

 

Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), também avalia que a concentração das compras de animais nas mãos de poucas empresas é a principal razão para o retração dos preços da arroba do boi.

 

De acordo com ele, em Mato Grosso, atualmente 32% da capacidade instalada de abate estão paralisadas por conta dos problemas enfrentados pelos frigoríficos. No Estado, a capacidade diária é de 26 mil cabeças. Em Mato Grosso, a arroba variava entre R$ 68 e R$ 70 na sexta-feira.

 

Na avaliação da área de análise de commodities da XP Investimentos, a disponibilidade de bois tende a aumentar nos próximos meses. O cenário internacional também não é favorável aos pecuaristas, já que a queda na exportação resultou em maior oferta de carne no mercado interno. "Esse excedente foi absorvido, mas dificulta reajustes nos preços", diz relatório da XP. (Alda do Amaral Rocha)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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