O anúncio de que os cinco maiores frigoríficos do Brasil se uniram à Organização Não-Governamental (ONG) Greenpeace e à Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para criar um modelo unificado de certificação de origem da carne comercializada no Brasil provocou reações entre os pecuaristas. A parceria das indústrias com a ONG e o setor varejista é considerada pelos produtores "perigosa e assustadora" e tem como objetivo final não uma preocupação ambiental, mas sim, um interesse comercial, na avaliação do superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
"Se o G5 (numa referência aos cinco maiores frigoríficos do País: JBS, Bertin, Marfrig, Minerva e Frigol) se reúne para ditar regras de certificação, quem nos garante que não se reúne também para combinar escala de compra de gado, preço de arroba, distribuição de carne? Isso nos faz lembrar as ações de cartéis e a conta final quem paga é o consumidor e o pecuarista", afirmou Vacari. De acordo com ele, já existe um fórum de discussão sobre temas relacionados à sustentabilidade e certificação de origem da carne, que é o Grupo de Trabalho (GT) da Pecuária Sustentável.
O grupo foi criado em julho deste ano, incentivado pelo International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e que tem por objetivo promover o investimento sustentável do setor privado dos países em desenvolvimento. "Esses frigoríficos já fazem parte do GT. Se eles assumiram o compromisso com o GT, não poderiam assumir outros compromissos paralelos", disse Vacari.
O grupo de trabalho é formado por representantes dos produtores, indústrias, comércio e serviço, instituições financeiras e sociedade civil. Fazem parte do conselho diretor do GT: Vicente Falcão, Leonardo Leite de Barros e Luciano Vacari, que representam os produtores; representando os frigoríficos estão Simone de Carvalho Soares (Bertin), Ocimar Vilela (Marfrig) e Ângela Garcia (JBS); o varejo é representado por Paulo Pianez (Carrefour) e Yuri Nogueira Feres (Wal Mart), enquanto Reginaldo Magalhães (IFC), Daniela Mariuzzo (Rabobank) e Ana Lizete (Real-Santander) representam os bancos; a sociedade civil é representada por José Benedito Ferreira (TNC) e Marcos Reis (Aliança da Terra).
Veículo: Jornal do Commercio - RJ