UE usa barreiras para dificultar a venda de carnes brasileira

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Queda nas importações e aumento das barreiras técnicas e tarifárias estão dificultando as relações comerciais entre o Brasil e os países da União Europeia (UE), além de derrubar a receita brasileira com as exportações de carnes. O maior problema vem sendo enfrentado pelo segmento de aves, que deve entrar nos próximos dias com uma contestação na Organização Mundial do Comércio (OMC). De acordo com Francisco Turra, presidente da Associação Brasileiras dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), os dados para o contencioso já estão sendo compilados por um escritório de advocacia. "A decisão deve ser tomada ainda este ano", garantiu Turra. Segundo o presidente da Abef, o setor vai continuar se movimentando independente das negociações da Rodada de Doha.

 

Além de ter pedido a revisão das alíquotas de importação da carne, o bloco europeu é acusado pelo Brasil de subsidiar seus exportadores, impondo uma concorrência desleal em mercados de grande interesse para o País, como o Oriente Médio. Os exportadores brasileiros devem requerer US$ 1,1 bilhão de forma a compensar o aumento das tarifas e do volume de cotas.

 

A Abef demonstra ainda preocupação com a taxa de câmbio, que deve resultar em nova queda nas exportações de frango no próximo ano. "Nossa média de crescimento anual nos últimos dez anos foi de 12%. Com o câmbio atual vamos ter uma queda considerável, com fechamento de unidades e diminuição de emprego", disse Turra. Para 2009, a taxa de crescimento deve ficar entre 1% e 2%, informou a Abef.

 

Apesar da recuperação do volume exportado em outubro, quando registrou alta de 6,2% ante igual período do ano passado, a receita continua deficitária: 13,7% inferior a outubro de 2008.

 

Os pequenos e médios frigoríficos também estão se movimentando para assegurar mercados. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) está mudando seu formato institucional, com a criação de um Conselho de Administração e do Departamento de Comércio Exterior. Segundo a entidade, trata-se de um setor que, com a ampliação da atuação da Abrafrigo, passou a ser necessário, a partir da solicitação dos seus membros.

 

Além da disputa comercial com a UE, o setor de carnes terá mais um desafio no próximo ano. Segundo a agência russa de notícias Itar-Tass, o governo local irá prorrogar para 2010 o atual sistema de importação por alocação de cotas. Em vigor desde o início da década, o atual sistema vence em 31 de dezembro de 2009. A prorrogação teria sido anunciada por Victor Zubkov, primeiro vice-primeiro ministro.

 

O segmento de bovinos é o que mais deverá sofrer a manutenção das cotas na Rússia. O país, juntamente com a UE, derrubou as exportações de carne do Mato Grosso. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a queda no volume embarcado nos dez primeiros meses de 2009 foi de 10,1 mil de toneladas, registrando apenas 8,5 mil toneladas, uma variação negativa de 54%.

 

Para Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Sisbov foi o grande entrava nas vendas para os países europeus. "A falta de uma política séria, confiável e auditável, provocam uma instabilidade certeira na relação comercial com a Europa", analisou Vacari. O presidente da Acrimat ressaltou que a China e a Rússia evitaram uma queda ainda maior nas exportações neste ano. "A Rússia fez uma grande diferença no volume de carne bovina exportada e é nosso maior consumidor, principalmente da carne de dianteiro, mais barata", disse.

 

Com a extensão das cotas, o avanço no mercado russo poderá ser limitado em 2010. Na comparação dos últimos 12 meses, o registro das exportações mostra que este mercado ainda não se recuperou. Em outubro a queda no volume exportado foi de 7,7% e o faturamento 24,4% em relação a outubro de 2008. A carne suína, apesar do incremento de 40% nas vendas externas, teve uma diminuição de 6,8% em receita.

 

Ninguém passa imune à crise. A norte-americana Tyson Foods, maior processadora de carne do mundo, anunciou um prejuízo de US$ 455 milhões no quarto trimestre fiscal, mesmo com lucro operacional nos negócios de carnes bovina, suína e de frango.

 

Veículo: DCI


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