Para mudar a imagem negativa da pecuária na área ambiental, o Grupo JBS-Friboi investe em energias alternativas e, com isso, reduz seus custos
Poucos setores foram tão criticados nos últimos anos por seu suposto desinteresse pela questão sustentável quanto a pecuária. Pior ainda: muitos especialistas apontam o segmento como o principal vilão do desmatamento da Amazônia. Para empresas globais como a paulista JBS-Friboi, essa imagem pode ser especialmente devastadora.
A direção do frigorífico quer demonstrar em Copenhague que nada é mais falso do que apontar a pecuária como inimiga da natureza. Executivos da companhia estão na capital dinamarquesa para apresentar um painel sobre suas ações na área ambiental. Quem comanda o grupo de trabalho é Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente do Comitê Estratégico e de Sustentabilidade da JBS-Friboi e exministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso. "Os frigoríficos vêm sendo alvo de reclamações de pessoas que não conhecem a realidade", diz Moraes. "Agora teremos a oportunidade de contar o nosso lado da história." Segundo ele, a JBS-Friboi é referência internacional em práticas sustentáveis.
Moraes cita projetos de substituição de sua matriz energética, um sistema de rastreabilidade do rebanho, a eliminação das fontes de emissão de dióxido de carbono (CO2) e um amplo programa de reflorestamento, para ficar apenas em alguns exemplos. Essas ações serão abordadas em um vídeo e em uma publicação impressa que serão distribuídos a políticos e formadores de opinião em Copenhague.
Para se transformar em uma empresa cada vez mais verde, a direção da JBS-Friboi definiu metas ambiciosas para os próximos cinco anos. A lista de ações inclui mudanças profundas em sua matriz energética. De acordo com os planos da companhia, parte da eletricidade que consome será suprida pela queima de biomassa (restos de cultura agrícola como casca de arroz e palha de cana-deaçúcar, entre outros materiais). Assim, o frigorífico passa a ser capaz de produzir parte da energia que consome. Isso traz uma vantagem para o meio ambiente (ao comprar menos eletricidade, a empresa ajuda a reduzir a demanda por energia no planeta) e para as próprias finanças da companhia, já que o custo de gerar energia com biomassa é quase três vezes menor em relação a uma usina térmica movida a diesel.
Na área de energias alternativas, a Friboi também prevê adaptar sua frota, hoje composta em sua maioria por caminhões movidos a diesel, por veículos que rodam com biodiesel feito a partir do sebo bovino. Até então, o sebo era revendido no mercado, mas novas tecnologias permitiram que ele passasse a ser utilizado na forma de combustível pela própria JBS-Friboi.
O projeto que mais motiva Pratini de Moraes, no entanto, está ligado ao reflorestamento de áreas devastadas pela pecuária. Em parceria com os fundos de pensão Funcef e Petros, o grupo JBS-Friboi criou uma empresa, a Florestal Empreendimentos, para cuidar de programas desse tipo. A nova companhia já nasceu fortemente capitalizada: seus recursos somam R$ 1 bilhão, dinheiro que será destinado para o replantio de espécies nativas. "Temos o compromisso de plantar 370 mil hectares de florestas pelo País afora", diz o exministro. "Isso prova que o JBS-Friboi é uma empresa com vocação sustentável."
Veículo: Revista Isto É Dinheiro