Queda no preço mundial põe mais carne de porco na mesa do brasileiro e minimiza perda em exportações
A indústria de carne suína bem que tentou, mas a grande abertura de novos mercados internacionais para o Brasil ficou mesmo para 2010. Dos três maiores importadores mundiais, Japão e Coreia do Sul continuamdirimindo dúvidas sanitárias antes de autorizar a entrada de carne suína brasileira, e a Rússia até diminuiu as cotas para o produto do Brasil.
Como resultado, a maior parte do crescimento na produção de suínos ficou no mercado interno: quase 100 mil toneladas a mais que em 2008, segundo números divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). “O preço internacional da carne suína caiu em média 20% por conta da crise, tornando o mercado interno mais atraente para vários frigoríficos”, explica o presidente da entidade, Pedro de Camargo Neto. As exportações devem fechar 2009 com um incremento de 68 mil toneladas.
No primeiro semestre, o mercado doméstico ficou mais atrativo que o externo para os pequenos frigoríficos, segundo o diretor de mercado interno da Abipecs, Jurandi Soares. No segundo semestre, o Brasil virou a fonte dos melhores negócios até para as gigantes do setor.
A disponibilidade interna de carne de porco cresceu 3,8%, e os preços internos acompanharam a queda do mercado mundial. Soma-se a esses dois fatores o aumento da renda da população brasileira, na visão de Camargo Neto, e está explicado o crescimento do consumo per capita de carne suína: de 13,4 quilos em 2008 para 13,8 quilos por habitante em 2009.
A explicação está nos números: até outubro, as exportações de carne suína do país em 2009 tinham rendido US$ 300 milhões a menos que no mesmo período do ano passado. O preço médio da tonelada exportada caiu US$ 700, para cerca de US$ 1.800. “Também pesou contra as exportações uma valorização do real sobre o dólar de 15% em relação à média de 2008”, ressalta Camargo Neto.
Mais porcos
Apesar das dificuldades, o número de abates de suínos crescerá de 31,9 milhão de cabeças em 2008 para 33,8 milhões no total de 2009, resultando em um volume 5,5% maior de carne. Segundo o presidente da Abipecs, o motivo da alta foi principalmente o ganho de produtividade, com a adoção de novas vacinas, por exemplo. “O bom foi que o mercado interno absorveu boa parte desse crescimento, enquanto em outros grandes países produtores o consumo interno recuou.”
Por conta da retração no consumo interno, afetado pela crise, os Estados Unidos e a União Europeia devem reduzir a produção em 2010, segundo Soares. Já para o Brasil, as perspectivas são de estabilidade na produção, no consumo e nas exportações. “O ano que vem será como 2009 ou melhor, e não ruim como 2008”, diz o presidente da entidade.
Para o ano que vem
Mas as expectativas frustradas de abertura de mercados em 2009 foram transferidas para 2010. Os efeitos da eventual liberação do produto brasileiro por Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, no entanto, só começariam a ser vistos a partir dos anos seguintes.
As autoridades japonesas e coreanas continuam reticentes com a sanidade brasileira. Já a liberação sanitária da carne suína do Brasil nos Estados Unidos, que era dada como certa, estagnou no último ano com a troca de governo.
Veículo: Brasil Econômico