A BRF - Brasil Foods vendeu ontem US$ 750 milhões em bônus com vencimento em dez anos, com taxa de juros de 7,375% ao ano. Primeira emissão externa do ano feita por uma empresa brasileira, a operação alcançou volume superior e taxa menor ao inicialmente previsto. Até agora apenas bancos tinham feito captações externas.
A expectativa da Brasil Foods era vender US$ 500 milhões em papéis. Mas, segundo o Valor apurou, a demanda chegou a US$ 5 bilhões, levando os bancos Santander, Itaú Unibanco e J.P. Morgan a aumentar a oferta em 50%. Inicialmente, a taxa de juros era de 7,625%.
Essa foi a primeira emissão de bônus realizada pela Brasil Foods, depois da associação entre Perdigão e Sadia. Antes da união, apenas a Sadia tinha feito uma operação externa em 2007, no valor de US$ 250 milhões.
Os recursos vão ser usados para o pagamento de dívidas. A Brasil Foods estava com R$ 9 bilhões em dívidas, sendo que R$ 2,9 bilhões venciam em até um ano. Descontadas as aplicações, o endividamento da empresa era de R$ 4,5 bilhões, valor 51% maior do que aquele registrado um ano antes.
A agência de classificação de risco Moody's considerou que a emissão vai melhorar a liquidez da companhia. Isso porque as notas vão ser usados pela Brasil Foods para pagar dívidas mais caras. A nota atribuída à emissão foi "Ba1", mesmo rating dado à Brasil Foods.
Pela Standard & Poor's, a nota é de "BB+", também igual ao rating corporativo. Para a agência, a integração das operações de Brasil Foods e Sadia - ainda em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - deve gerar um fluxo de caixa mais robusto ao longo deste ano. Por enquanto, apenas as compras de insumos e de carne bovina estão unificadas.
Em agosto, a companhia captou R$ 5,29 milhões por meio de uma oferta de ações. Os recursos também foram usados para melhorar o perfil de endividamento, principalmente da Sadia, incorporada pela Brasil Foods. Procurados para comentar a transação, tanto a Brasil Foods quanto os bancos não concederam entrevista. Na fila das emissões externas, estão banco Pine (US$ 150 milhões) e o frigorífico Minerva (US$ 250 milhões).
Veículo: Valor Econômico