Integrados rejeitam proposta da Doux

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Frigorífico: Empresa sugere regularizar débitos no fim de julho, mas produtores pedem quitação em junho


  
Representantes dos integrados da Doux Frangosul rejeitaram a proposta feita ontem pela empresa para zerar no fim de julho os atrasos nos pagamentos pelos lotes de aves e suínos recebidos dos criadores. Depois de uma reunião de quase duas horas pela manhã com o diretor geral da companhia, Aristides Vogt, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) apresentou uma contraproposta pedindo que o novo cronograma apresentado para a regularização reduzido em 40 dias e que o acordo seja formalizado por escrito.

 

"Vamos esperar até terça-feira da semana que vem e, se não tivermos resposta, vamos partir para ações mais fortes", disse o presidente da Fetag-RS, Elton Weber. Segundo ele, os representantes dos integrados falam em promover manifestações em frente à sede da Doux em Montenegro (RS), como já foi feito por um grupo de criadores no dia 9 deste mês, em cobrar as dívidas na Justiça e até suspender a produção para a empresa.

 

Vogt disse que só poderá dar uma resposta sobre a eventual aceleração do cronograma na próxima semana e que teria de consultar a área jurídica da empresa sobre a formalização do acordo em um documento. Ele admitiu que também há atrasos na distribuição de ração para os integrados, mas garantiu que o caso será resolvido até 15 de março, e prometeu indenizar os criadores que tenham moegas danificadas pela presença de detritos sólidos na alimentação dos animais.

 

Os atrasos nos pagamentos da Doux Frangosul iniciaram em fevereiro do ano passado e, conforme assessor de política agrícola da Fetag-RS, André Raupp, chegaram a alcançar quatro meses além do prazo previsto de 30 dias para pagamento a partir da entrega dos lotes. Ao longo de 2009 a empresa chegou a apresentar dois cronogramas para a regularização dos débitos, que não foram cumpridos. Em dezembro a situação melhorou um pouco e os atrasos caíram para 40 a 50 dias, mas agora já voltaram a superar os 60 dias em alguns casos, disse o assessor.

 

Recebido por cerca de 150 produtores na sede da Fetag-RS, Vogt admitiu que os atrasos máximos chegam a 66 dias no caso das aves e a 56 dias no caso dos leitões. Na média, porém, a demora para quitação dos débitos está em 46 e 31 dias, respectivamente. De acordo com ele, o novo cronograma prevê que os prazos dos pagamentos serão reduzidos gradativamente a partir da segunda quinzena de março até o fim de julho.

 

"Preciso que vocês nos ajudem neste momento", apelou o diretor geral. "Preciso que vocês entendam que esse momento é de dificuldade, mas que juntos vamos sair disso rapidamente", acrescentou. Mas os produtores têm pressa. "Os criadores estão descapitalizados", afirmou Weber. Segundo ele, a contraproposta da Fetag-RS é que a regularização dos débitos inicie em março e termine em junho. "E queremos um compromisso por escrito porque os outros cronogramas furaram", disse.

 

Conforme Vogt, a Doux começou a atrasar os pagamentos aos seus 2,7 mil integrados no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul devido aos efeitos da crise financeira mundial que estourou no fim de 2008 e reduziu a demanda dos países importadores. De acordo com ele, em 2009 a empresa amargou uma "forte queda" no volume de exportações, um recuo nos preços médios dos produtos embarcados de US$ 2 mil para pouco mais de US$ 1 mil por tonelada no início do ano e a redução das receitas em reais por conta da valorização do dólar. Outra dificuldade, que dura "até hoje", explicou, é obter capital de giro.

 

Com a retração do mercado, o faturamento bruto da Doux Frangosul caiu 12,3% no ano passado em comparação com 2008, para R$ 1,726 bilhão, revelou o diretor geral. As vendas somaram 500 mil toneladas de carnes, sendo 80% destinadas ao mercado externo, e para 2010 a previsão da empresa é alcançar um volume semelhante, mas num cenário de preços melhores e taxa cambial mais favorável para as exportações. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), o preço médio do produto exportado pelo país em janeiro cresceu 14,5% em comparação com o mesmo mês de 2009, para US$ 1.726 por tonelada.

 

"Esperamos algum crescimento na receita neste ano", disse o executivo, sem especificar percentuais. Segundo ele, depois de fechar 2008 com queda de 31% no lucro líquido, para R$ 14,1 milhões, devido ao aumento das despesas financeiras, a empresa encerrou o ano passado também com resultado positivo, mas o balanço do exercício só deve ser divulgado no fim de março.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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