Empresa responde por mais de um quinto das vendas externas de carne bovina no primeiro trimestre
Um dos maiores frigoríficos do país, o Minerva tem colocado mais pimenta na disputa pelos mercados externos da carne bovina in natura brasileira, emum momento em que outros países exportadores enfrentam dificuldades em expandir a oferta. Entre o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, o grupo ampliou sua participação demercado nas exportações de 12,5% para 21,1%.
O mercado internacional de carnes está se reaquecendo depois da queda com a crise iniciada em 2008. O Brasil, em particular, está sendo favorecido nesta retomada pelo fato de outros grandes produtores — Argentina, Austrália e Estados Unidos — não terem condições de elevar a oferta neste momento, explica o presidente do Minerva, Fernando Galletti de Queiroz. “O Minerva entrou bastante na parcela de mercado que era da Argentina”, diz.
O Oriente Médio, no caso, foi o mercado que mais cresceu: saltou de 23,3% das exportações do Minerva no primeiro trimestre de 2009 para 35,8% nos mesmos meses de 2010. As boas perspectivas residem também no Extremo Oriente e nas Américas, segundo Queiroz.
No primeiro trimestre do ano, a companhia registrou uma receita líquida recorde de R$ 744,4 milhões, 28,7% acima domesmo período do ano passado.Oresultado líquido, contudo, foi um prejuízo de R$ 23,2 milhões, puxado principalmente pelo efeito cambial sobre as dívidas da companhia
em moedas estrangeiras. “Os resultados financeiros decepcionaram um pouco, mas os dados operacionais são muito bons, especialmente o crescimento no mercado externo”, afirma o analista Rafael Cintra, da Link Investimentos.
Não se pode ignorar o crescimento de 15% nas receitas no mercado interno, mas o aumento de 46% no volume de carne in natura exportada certamente é o indicador que mais mostra a força do Minerva para compensar a desvalorização de 22% do dólarmédio na comparação entre os primeiros trimestres de 2009 e 2010.
Bons ventos
Alémdos fatores positivos já concretizados, o frigorífico espera para os próximos meses os impactos de diversas boas notícias. Entre elas, está o pacote de incentivo aos exportadores anunciado pelo governo e a abertura de novos mercados para a carne brasileira, como a Turquia.
O país eurasiático deve anunciar ainda nesta semana as regras para a entrada da carne brasileira, segundo Queiroz. “A abertura da Turquia, fechada há anos para a carne brasileira, mostra como nosso produto é importante em um momento de diminuição dos rebanhos na Austrália, nos Estados Unidos e na Argentina”, diz o executivo.
da preocupação de governos, especialmente no Oriente Médio, com o crescente preço das proteínas, que está resultando em uma maior intervenção estatal no mercado. “Os próprios governos estão comprando cada vez mais carne, porque nessas regiões o preço e a oferta de proteínas é um fator de estabilidade política”, avalia.
No campo interno, deve ter bom efeito sobre os balanços das grandes exportadoras agrícolas a proposta do governo de monetizar 50% dos créditos tributários que as empresas têma receber. “Estamos dentro das regras para receber esses recursos”, garante Queiroz.
Veículo: Brasil Econômico