As exportações de carne bovina industrializada aos Estados Unidos devem ser retomadas pelos frigoríficos brasileiros até o fim da próxima semana. As vendas estão suspensas, de forma preventiva pelo governo brasileiro, desde 27 de maio por causa de excesso de resíduos de medicamentos encontrados no produto final vendido aos EUA.
O Ministério da Agricultura informou ontem ter enviado às autoridades sanitárias americanas os últimos detalhes do "plano de ação", apresentado no início desta semana em Washington, para aperfeiçoar a fiscalização federal e o monitoramento dos lotes de carne embarcados pelas indústrias nacionais aos EUA.
"Queríamos ter reaberto o mercado imediatamente, mas estamos otimistas de que vamos alcançar isso na próxima semana", disse o diretor de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Nelmon Oliveira.
As novas medidas de controle já começaram a ser implantadas nas indústrias frigoríficas nacionais para garantir "agilidade" ao processo de retomada das vendas ao parceiro comercial, informou Nelmon.
Além disso, especialistas em laboratórios do ministério terão nova reunião com colegas americanos, a partir de 21 de junho, para esclarecer os métodos usados nos EUA para detectar os excessos de resíduos na carne brasileira. Há uma divergência bilateral. O Brasil defende o método de detecção no fígado bovino, e não no músculo ou produto final, como adotado pelos Estados Unidos. O governo espera convencer os americanos a aceitar o padrão adotado no Brasil, já que esse seria o método reconhecido internacionalmente.
A retomada das vendas deve ser auxiliada, ainda, pela pressão local do laboratório multinacional Merial, fabricante da vacina veterinária usada pelos pecuaristas brasileiros, e da própria JBS, que teve alguns lotes de carne rejeitados, mas é dono de várias plantas industriais nos EUA. Mas há um forte lobby interno de produtores contra a abertura do mercado americano à carne de Santa Catarina.
Exportação soma US$ 1,9 bi até maio
As exportações brasileiras de carne bovina totalizaram US$ 1,897 bilhão de janeiro a maio deste ano, 24% acima do registrado no mesmo período de 2009. Os volumes embarcados somaram 794.539 toneladas (equivalente-carcaça), alta de 3% na mesma comparação, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os números incluem carne in natura, industrializada, miúdos e outros.
Considerando apenas maio, a receita foi de US$ 447 milhões, alta de 38% ante os US$ 325 milhões de igual mês em 2009. O volume também cresceu, 10%, para 175 mil toneladas (equivalente-carcaça).
A venda de carne in natura em maio subiu 20% em relação ao mesmo intervalo de 2009, para 132.904 toneladas (equivalente-carcaça). A receita foi US$ 358,7 milhões, alta de 53% sobre o mesmo período do ano passado,. Os números mostram alta de 27% nos preços da carne in natura, para US$ 3.970 por tonelada.
Em nota, o diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado, informa que os fatores que contribuíram para o aumento das exportações em maio foram: a recuperação da economia mundial, a maior demanda pela carne bovina a partir dos principais mercados importadores e as dificuldades enfrentadas pelos países concorrentes do Brasil no exterior.
No mês que passou, a Rússia manteve a liderança no ranking dos principais importadores de carne in natura - com 37 mil toneladas ou US$ 92 milhões. O Irã foi o segundo, com receita de US$ 69 milhões e um volume de 26 mil toneladas.
Por conta da suspensão das vendas de carne industrialiazada aos EUA, o Reino Unido foi o maior comprador do produto em maio.
Veículo: Valor Econômico